Crianças
e idosos moram lá... Merecem respeito.
No
entanto, de maneira implacável, sua
saúde vai sendo minada. A começar
pela psíquica, porquanto as mentes
humanas vêm padecendo toda espécie
de pressões. Por isso, pouco adiantará
cercar-se de muros cada vez mais altos,
se de antemão a ameaça estiver
dentro de casa, atingindo o corpo e a psicologia
do ser.
Em
cidades praieiras, a despeito do mar, o
envenenamento atmosférico avança,
sem referência à contaminação
das águas e das areias... O que surpreende
é constituírem, muitas delas,
metrópoles altamente politizadas,
e só de algum tempo para cá
seus habitantes na verdade despertarem para
tão terrível risco.
Despoluir
qualquer área urbana ou rural deveria
fazer parte do programa corajoso do político
que realmente a amasse. Não se pode
esperar que isso apenas ocorra quando se
torna assunto lucrativo. Ora, nada mais
proveitoso do que cuidar do cidadão,
o Capital de Deus.
As
questões são múltiplas,
mas esta é gravíssima: estamos
respirando a morte. Encontramo-nos diante
de um tipo de progresso que, ao mesmo tempo,
espalha ruína. A nossa própria.
Comprova-se
a precisão urgente de ampliar em
largo espectro a consciência ecológica
do Povo, antes que a queda de sua qualidade
de vida seja irreversível. Este tem
sido o desafio enfrentado por vários
idealistas pragmáticos.
Entretanto,
por vezes, a ganância revela-se maior
que a razão. O descuido no preparo
de certas comunidades, para que não
esterilizem o solo, mostra-se superior ao
instinto de sobrevivência.
A
água está acabando
A Tribuna
da Imprensa, do veterano Hélio Fernandes,
publicou a conclusão de um estudo
divulgado pelo instituto independente Worldwatch,
com sede nos Estados Unidos: “O gelo
ártico perde uma área equivalente
à Holanda a cada ano, ou cerca de
34.300 quilômetros quadrados. (...)
Como o gelo permanente funciona também
como um espelho, refletindo o calor solar
e mantendo a temperatura da Terra relativamente
fria, teme-se que o atual derretimento multiplique
os efeitos devastadores do aquecimento global
da atmosfera. Antes da catástrofe,
porém, o gelo derretido já
vem causando problemas para cidades que
dele dependem para seu suprimento de água
potável. Lima, no Peru, é
um exemplo dramático. Cada um dos
seus dez milhões de habitantes dispõe
hoje de apenas três metros cúbicos
da água proveniente da geleira de
Quelccaya, quando, há dez anos, dali
eram tirados 30 metros cúbicos”.
Conseqüência
do efeito estufa? Uns afirmam que sim; outros,
ainda hoje, que não. A verdade é
que se trata do resultado da insensatez
de gente que não enxerga um palmo
adiante do nariz, como satirizava —
numa versão da melodia popular de
Noel Rosa (1910-1937) — o poeta Pedrinho
Bevilacqua, alguns que pensam que sabem,
mas não sabem.
Reflexão
de Boa Vontade
Nunca
como agora se fez tão indispensável
unir os esforços de ambientalistas
e seus detratores, como também trabalhadores,
empresários, o pessoal da mídia,
sindicalistas, políticos, militares,
advogados, cientistas, religiosos, céticos,
ateus, filósofos, sociólogos,
antropólogos, artistas, esportistas,
professores, médicos, estudantes,
donas de casa, chefes de família,
barbeiros, taxistas, varredores de rua e
demais segmentos da sociedade, na luta contra
a fome e pela conservação
da vida no Planeta. O assunto tornou-se
dramático, e suas perspectivas, trágicas.
Pelos mesmos motivos, urge o fortalecimento
de um ecumenismo que supere barreiras, aplaque
ódios, promova a troca de experiências
que instiguem a criatividade global, corroborando
o valor da cooperação sócio-humanitária
das parcerias, como, por exemplo, nas cooperativas
populares em que as mulheres têm grande
desempenho, destacado o fato de que são
frontalmente contra o desperdício.
Há muito que aprender uns com os
outros. Um roteiro diverso, comprovadamente,
é o da violência, da brutalidade,
das guerras, que invadiram os lares em todo
o orbe. Resumindo: cada vez que suplantarmos
arrogância e preconceito, existirá
sempre o que absorver de justo e bom com
todos os componentes desta ampla “Arca
de Noé”, que é o mundo
globalizado de hoje.
José
de Paiva Netto — Jornalista, radialista
e escritor.
paivanetto@uol.com.br
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Trecho extraído do artigo “Oito
Objetivos do Milênio”, de autoria
de Paiva Netto, publicado na revista Globalização
do Amor Fraterno. Inicialmente editada em
português, francês, inglês
e esperanto, a mensagem foi encaminhada
pelo dirigente da Legião da Boa Vontade
à reunião do High-Level Segment
2007, do Conselho Econômico e Social
das Nações Unidas (Ecosoc)
— no qual a LBV possui status consultivo
geral. O encontro ocorreu no Palais des
Nations, escritório central da ONU
em Genebra (Suíça).