Ele
diz que os policiais que fazem a fiscalização
observaram desde o segundo semestre do ano passado
um maior número de passageiros de ônibus
transportando medicamentos.
Os
preços mais em conta praticados no país
vizinho e na Argentina, somados às semelhanças
entre medicamentos verdadeiros e falsos são
os motivos que têm levado cada vez mais
brasileiros a cruzar a fronteira em busca do produto,
avalia o representante da Associação
Brasileira de Combate à Falsificação
(ABCF) em Foz do Iguaçu, Luciano Stremel
Barros.
Na
avaliação de Barros, hoje as gráficas
estão produzindo embalagens cada vez mais
parecidas com as originais, confundindo o consumidor.
O atrativo do preço também pesa
na hora da compra. Para se ter uma idéia,
uma cartela com quatro comprimidos de Viagra,
remédio contra a impotência, custa
R$ 100 no Brasil. No Paraguai, o remédio
pode ser encontrado por US$ 5 (perto de R$ 8).
Mas o que os brasileiros não levam em conta
é a chance de adquirir um produto falsificado
e colocar a própria saúde em risco.
Levantamento feito pela ABCF indica que 35 das
42 farmácias de Ciudad del Este vendem
Viagra falso.
Conforme
a ABCF, 90% dos remédios falsificados entram
no Brasil pelas fronteiras do Paraguai. Outros
10% referem-se a medicamentos manipulados no próprio
Brasil sem o princípio ativo. Os comercializados
no Paraguai são importados da China, mas
também produzidos no próprio país,
onde atualmente há mais de 50 laboratórios
em funcionamento.
Em
alguns deles são falsificadas marcas conhecidas
como o Viagra, e a versão paraguaia chamada
Pramil. Outro princípio ativo que vem sendo
pirateado no país, segundo Barros, é
o Rimonabanto, usado para emagrecer.
Rotas
Legalmente,
os remédios só podem ser trazidos
do Paraguai mediante um procedimento de importação
e com autorização da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). Mas, na prática, as cartelas
são levadas aos poucos para Foz do Iguaçu
para depois serem distribuídas ao restante
do país pelas mãos de sacoleiros
e contrabandistas. Algumas pessoas nem chegam
a cruzar a fronteira e aguardam os remédios
no lado brasileiro, trazidos por mototáxis.
Boa
parte das apreensões são feitas
no posto da PRF durante blitze de rotina em ônibus
de linha que têm como destino várias
regiões do país. Os policiais dizem
que o medicamento é transportado em bolsas
de viagens ou dentro de caixas. Outros escondem
os comprimidos em um colete, preso ao corpo.
Há
carregamentos com 100 a 300 medicamentos e outros
acima de 5 mil. Uma das maiores apreensões
foi feita em 2007 no Aeroporto de Foz do Iguaçu.
Um sacoleiro tentava levar para Belém (PA)
20 mil comprimidos de Viagra para ser vendido
em farmácias. Em 2007, foram encaminhados
para o depósito da Receita Federal em Foz
do Iguaçu 118.167 mil unidades remédios
apreendidas, avaliadas em R$ 298.596 mil.