“O
foco principal são os buracos. Mas avaliamos
também se existe sinalização,
as condições do acostamento, se tem
pavimentação, se ela está nivelada
com o asfalto, se a estrada é de terra ou
cascalho”, explicou Duques. O condutor que
precisar trafegar na BR-235, por exemplo, vai encontrar
aproximadamente 160km de estrada esburacada no trecho
do Trevo de Pau-a-Pique a Remanso, sendo necessário
realizar verdadeiros ziguezagues para chegar com
o carro inteiro ao destino final.
Há trechos, por exemplo, onde o asfalto já
acabou e restou apenas a estrada de chão.
A precariedade das vias faz com que o condutor gaste
o dobro do tempo que ele precisaria caso as condições
fossem boas. Na BR-349, mais precisamente no trecho
que liga Bom Jesus da Lapa a Santa Maria da Vitória,
o quadro é semelhante. O condutor encontrará
buracos espalhados por toda parte e má sinalização.
A diferença fica por conta da extensão
do estrago: são 73km.
Economia - Embora o perímetro afetado seja
o menor dos três, é o suficiente para
gerar prejuízos econômicos expressivos.
“O trecho afeta o transporte da produção
para Ilhéus, que é o maior porto de
saída de farelo e soja do estado. Atrapalha,
inclusive, fechar operações de câmbio
porque o frete é inviável e os caminhoneiros
não querem fazer”, explicou o vice-presidente
da Associação de Agricultores e Imigrantes
do Oeste do Estado da Bahia (Aiba), Sérgio
Pitt.
Com cargas de até 26 toneladas, os caminhões
trafegam diariamente na via. O problema é
que, se em algumas regiões sobram caminhoneiros
e faltam cargas, lá, a demanda é inversa.
“A gente paga até 50% a mais pelo frete,
mas os caminhoneiros estão recusando. Eles
preferem trafegar em uma via normal, recebendo o
valor justo do frete”, explica o vice-presidente
da Aiba. Outro pólo econômico atingido
é o de Irecê, por conta da Estrada
do Feijão.
Os 320 caminhões que deixam o município
semanalmente carregados de hortifrutigranjeiros
para diversos pontos do país têm que
enfrentar parte dos 248km da estrada em péssimas
condições que liga Xique-Xique ao
Trevo de Tapiramutá. No período da
safra dos grãos, a situação
é ainda mais crítica porque dobra
o número de caminhões que deixam o
município levando a produção
para os quatro cantos do país.
“Gera desperdício, gasta mais tempo
e o valor do frete aumenta devido ao desgaste provocado
nos veículos”, informou o presidente
do Sindicato dos Produtores Rurais da Região
de Irecê (Sipri), José Carlos Carvalho.
Diante da condição das estradas, é
freqüente a ocorrência de caminhões
que têm pneus estourados e problemas com o
rolamento. Na mesma proporção dos
prejuízos, deve seguir a ocorrência
de acidentes. A reportagem buscou informações
com a Polícia Rodoviária Federal (PRF),
mas a posição obtida é de que
as áreas não são cobertas por
fiscalização federal nem estadual.
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