Liderança da precariedade
Levantamento do ‘Guia Quatro Rodas’ atesta que, das cinco piores estradas
do país, três estão na Bahia

Perla Ribeiro | 13-08-2008
A publicação também selecionou as dez melhores estradas do país. Porém, no quesito qualidade, a Bahia não é citada nenhuma vez no ranking nacional. O mérito fica com São Paulo, onde estão sete dos dez melhores trechos do país. De acordo com o editor de estradas do Quatro Rodas, Dilson Duques, os quesitos avaliados são as condições do asfalto, sinalizações horizontais e verticais, acostamento e pavimentação.


“O foco principal são os buracos. Mas avaliamos também se existe sinalização, as condições do acostamento, se tem pavimentação, se ela está nivelada com o asfalto, se a estrada é de terra ou cascalho”, explicou Duques. O condutor que precisar trafegar na BR-235, por exemplo, vai encontrar aproximadamente 160km de estrada esburacada no trecho do Trevo de Pau-a-Pique a Remanso, sendo necessário realizar verdadeiros ziguezagues para chegar com o carro inteiro ao destino final.

Há trechos, por exemplo, onde o asfalto já acabou e restou apenas a estrada de chão. A precariedade das vias faz com que o condutor gaste o dobro do tempo que ele precisaria caso as condições fossem boas. Na BR-349, mais precisamente no trecho que liga Bom Jesus da Lapa a Santa Maria da Vitória, o quadro é semelhante. O condutor encontrará buracos espalhados por toda parte e má sinalização. A diferença fica por conta da extensão do estrago: são 73km.

Economia - Embora o perímetro afetado seja o menor dos três, é o suficiente para gerar prejuízos econômicos expressivos. “O trecho afeta o transporte da produção para Ilhéus, que é o maior porto de saída de farelo e soja do estado. Atrapalha, inclusive, fechar operações de câmbio porque o frete é inviável e os caminhoneiros não querem fazer”, explicou o vice-presidente da Associação de Agricultores e Imigrantes do Oeste do Estado da Bahia (Aiba), Sérgio Pitt.

Com cargas de até 26 toneladas, os caminhões trafegam diariamente na via. O problema é que, se em algumas regiões sobram caminhoneiros e faltam cargas, lá, a demanda é inversa. “A gente paga até 50% a mais pelo frete, mas os caminhoneiros estão recusando. Eles preferem trafegar em uma via normal, recebendo o valor justo do frete”, explica o vice-presidente da Aiba. Outro pólo econômico atingido é o de Irecê, por conta da Estrada do Feijão.

Os 320 caminhões que deixam o município semanalmente carregados de hortifrutigranjeiros para diversos pontos do país têm que enfrentar parte dos 248km da estrada em péssimas condições que liga Xique-Xique ao Trevo de Tapiramutá. No período da safra dos grãos, a situação é ainda mais crítica porque dobra o número de caminhões que deixam o município levando a produção para os quatro cantos do país.

“Gera desperdício, gasta mais tempo e o valor do frete aumenta devido ao desgaste provocado nos veículos”, informou o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais da Região de Irecê (Sipri), José Carlos Carvalho. Diante da condição das estradas, é freqüente a ocorrência de caminhões que têm pneus estourados e problemas com o rolamento. Na mesma proporção dos prejuízos, deve seguir a ocorrência de acidentes. A reportagem buscou informações com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), mas a posição obtida é de que as áreas não são cobertas por fiscalização federal nem estadual.


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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