O
término da relação com alguém
especialmente amado gera um arrasador sentimento
de perda. A impressão é de que a
vida perdeu o sentido, a pessoa se sente como
se estivesse morta ou morrendo. Certamente alguma
coisa lá dentro morreu. Aquele outro se
torna uma ausência, uma falta dolorosamente
sentida. Em períodos como esse, tenta-se
– da maneira que for possível –
sobreviver e manter a esperança de um futuro
melhor.
"Não
deve haver pressa em procurar substitutos, vale
esclarecer que a pressa de se livrar da solidão
pode levar a uma nova má escolha. Se
você não for seletivo, é
provável que a nova pessoa instintivamente
sinta sua afobação e rejeite a
situação. Além disso, a
nova relação vai ficar vinculada
à antiga e isso será negativo".
A
morte é triste e irreversível;
porém o fim não desejado de uma
história de amor carrega em si um drama
maior. Existe uma sensação de
fracasso, de derrota e, quase sempre, um vago
sentimento de culpa que acompanha a inevitável
pergunta: “onde foi que eu errei?”
Quando o sentimento de culpa não impera,
fica uma noção de impotência
e uma idéia dolorosa de estar sendo vítima
de uma injustiça: “fiz tudo direito,
amei e me comportei bem, fui fiel, não
merecia isso”, como se ser amado fosse
merecimento.
Muitas
vezes perdura a frustrante ilusão de
um retorno que não acontece. Lidar com
os destroços de um amor encerrado pelo
parceiro – em geral, sem que se saiba
direito o que aconteceu e como – é
uma tarefa penosa, tal qual tentar sobreviver
a um naufrágio. A sensação
de que as emoções estão
mortas dentro de nós nos acompanha o
tempo todo.
Mas
a vida ressurge. Sempre. Ela é mais forte
do que a tristeza: supera o peso da dor e ergue-se
impávida. Não cessa e ressurge
sempre, mesmo quando parece não haver
mais nada. Pode demorar. Quem já passou
por isso sabe que um dia todo o sofrimento passa,
a tempestade se desfaz, o bom tempo volta e
o sol torna a brilhar, a aquecer a alma e a
iluminar os caminhos.
Quem
ainda não chegou a esse momento pode
acreditar: isso passa; pode demorar, mas passa.
É preciso manter viva a chama da esperança
e acreditar na capacidade de ressurreição
do coração arrasado. Sempre haverá
no futuro a possibilidade de um novo amor e
é necessário estar preparado para
receber essa dádiva preciosa. E um dia,
por vezes nem tão distante assim, a nova
paixão ilumina com seu brilho a alma,
como o sol que ressurge e nos aquece após
um longo período de mau tempo. Ou como
a primavera que rebrota depois de um longo e
escuro inverno. A vida se impõe. Sempre.
Debruçando-me
sobre esta dolorosa situação,
elaborei algumas reflexões para quem
está sofrendo a dor da perda.
A
primeira delas é: isso passa.
Substitutos
Pode
demorar, mas passa. Não se afobe procurando
substitutos para a pessoa amada. Leva tempo
para estar em condições de encontrar
alguém. Se você procurar outra
pessoa, esta vai sentir que está sendo
uma substituta e não vai aceitar a situação.
Além disso, mesmo que ela não
perceba, a nova relação vai ficar
vinculada à antiga e isso será
negativo.
É
claro que diferentes situações
demoram tempos diferentes e quanto maior o seu
envolvimento, maior o tempo necessário
para o sofrimento ir embora. E a dor cessa aos
poucos, embora muitas vezes seu fim seja percebido
subitamente. O mais importante é saber
que um dia o padecimento termina porque isso
ajuda a suportá-lo.
Quanto
à idéia de que não deve
haver pressa em procurar substitutos, vale esclarecer
que a pressa de se livrar da solidão
pode levar a uma nova má escolha. Se
você não for seletivo, é
provável que a nova pessoa instintivamente
sinta sua afobação e rejeite a
situação. Além disso, a
nova relação vai ficar vinculada
à antiga e isso será negativo.
É bom quando existe uma clara separação
entre dois relacionamentos. Mas muitas vezes
acontece o contrário – algumas
pessoas ficam presas ao passado e não
abrem espaço para um novo amor. Ajuda
imaginar que Deus pode estar nos dando o relacionamento
fracassado primeiro para melhor valorizarmos
aquele vem depois.
"Novo
parceiro é vivido como se fosse uma espécie
de remédio para o sofrimento e isso também
prejudica o novo encontro. A pessoa que está
entrando na vida do outro sente a presença
de alguma coisa entre os dois que não
faz parte da relação deles".
Quando
uma relação amorosa termina, existe
uma carga de sofrimento muito intensa. As pessoas
envolvidas carregam consigo os sentimentos de
perda, fracasso e de frustração.
Quando um foi abandonado pelo outro, leva também
– geralmente – uma mágoa
com relação ao parceiro. Uma das
formas de se superar essas situações
penosas consiste em encontrar um novo amor para
substituir o antigo e, ao mesmo tempo, reforçar
a auto-estima abalada pela separação
dolorosa.
Esse
recurso, embora possa ser eficaz, carrega consigo
uma perigosa armadilha. Na medida em que a busca
de um novo parceiro amoroso está sendo
motivada pela presença da imagem do antigo
amor, este se torna uma referência. As
novas possibilidades de relacionamento ficam
sujeitas a uma constante comparação
com a relação anterior e a presença
do fantasma desta antiga relação
cria uma sombra negativa sobre o futuro. O novo
parceiro é vivido como se fosse uma espécie
de remédio para o sofrimento e isto também
prejudica o novo encontro.
A
pessoa que está entrando na vida do outro
sente a presença de alguma coisa entre
os dois que não faz parte da relação
deles. Instintiva e intuitivamente ela se protege
e dificilmente abre seu coração
inteiramente. Quando não o faz, é
porque está também trazendo para
este novo relacionamento alguma dificuldade
sua. A probabilidade desta situação
não ir avante se torna muito grande.
A solução é abrir mão
de encontrar o substituto de quem foi embora
e ficar alerta para evitar lidar com os novos
relacionamentos como se fossem tentativas de
resolver a situação anterior e
tratá-los como devem ser tratados, ou
seja, alguma situação inteiramente
nova na vida. Somente assim, libertado de todo
este passado negativo, o novo amor terá
possibilidade de crescer de forma sadia e satisfatória.
Outra
reflexão importante é: você
não merece isso.
Ninguém
merece, mas muitos, quase todos, passamos pela
situação de levar um grande fora.
Não torne as coisas piores para você
e procure se afastar. Evite mendigar migalhas.