De
acordo com um estudo do Instituto Brasileiro de
Planejamento Tributário (IBPT), o contribuinte
trabalha, em média, 157 dias por ano só
para pagar impostos. São mais de cinco meses.
Ao
todo, 40,5% de tudo que o trabalhador receber este
ano vai entregar ao governo até o fim de
dezembro por meio de impostos, tributos e contribuições.
Saúde,
educação, segurança são
direitos básicos. Todo brasileiro deveria
ter acesso a eles, mas faltam eficiência e
qualidade. Quem paga a conta de todos esses maus
serviços é o trabalhador. Cinco meses
de trabalho vão para os impostos.
No
resto do ano, tudo que entra na conta é gasto
com os mesmos serviços essenciais a que todo
brasileiro deveria ter acesso - como saúde,
educação e segurança - na rede
particular. Quem pode paga, mas a maioria tem mesmo
que enfrentar um tormento diário. Na saúde,
então, os gastos são surpreendentes.
Tudo
custa muito: escola particular, plano de saúde,
previdência privada ou transporte particular.
Quando o serviço público, que deveria
atender a todos os brasileiros, não funciona
ou funciona mal, quem resolve pagar pelos serviços
essenciais tem um rombo no orçamento doméstico.
O
consultor Marcelo Braga tem R$ 2 mil de impostos
por mês descontados do salário, dois
filhos na escola particular e um plano de saúde
privado.
“Hoje
eu tenho que pagar os meus impostos, uma carga tributária
alta, e tenho que ainda pagar pela saúde
e pela educação dos meus filhos. Tudo
isso se torna alto para nós”, diz o
consultor.
Dados
do IBGE mostram que o contribuinte de classe média
gasta mais com saúde do que o governo. Em
2005, foram R$ 103 bilhões com consultas,
exames e remédios. O setor público
investiu R$ 66 bilhões em hospitais e atendimento.
“Pago
muito imposto pelo pouco que eu tenho”, aponta
o consultor Marcelo Braga.
“Após
pagar todos os tributos, essa classe média
tem que trabalhar para comprar serviços privados
em substituição aos serviços
públicos: segurança privada, educação
privada, previdência privada, saúde
privada. Isso também consome uma parcela
significativa da renda da classe média”,
explica Gilberto Amaral, presidente do Instituto
Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).
Os
ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e da
Fazenda, Guido Mantega não quiseram comentar
a pesquisa. Por meio da assessoria de imprensa,
o governo informou que tem aumentado os investimentos
em saúde e em educação, o que
tem melhorado os indicadores sociais do país.
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