O
governo brasileiro vem afirmando que o país
está preparado para lidar com a crise que
tomou conta do sistema bancário americano.
É tido com certo, porém, que nenhum
país não está imune.
Saiba
quais são os principais setores da economia
brasileira que já sentem os efeitos da turbulência
nos mercados.
Bolsa
A
Bolsa de Valores de São Paulo foi a primeira
a sentir os impactos da crise. Na segunda-feira,
29, auge do nervosismo, o índice da Bovespa
(Ibovespa) chegou a cair 10,2%, uma das maiores
quedas de sua história.
A
bolsa brasileira acaba sendo ainda mais castigada
pelo fato de estar baseada em um país emergente,
o que, aos olhos do investidor estrangeiro, significa
maior risco.
Alguns
analistas acreditam, porém, que a queda acentuada
da Bovespa não é apenas reflexo da
crise americana.
Segundo
esses especialistas, a bolsa brasileira está,
na realidade, voltando a um patamar de normalidade,
depois de alguns meses de euforia.
O
ápice foi em maio desse ano, quando a bolsa
chegou a seu recorde, com 73 mil pontos.
Apesar
de acumular uma queda de 22% no ano, o volume de
negócios atual não chega a ser ruim:
cerca de 43 mil pontos, mesmo patamar de março
do ano passado.
Dólar
O
agravamento da crise fez com que a moeda americana
chegasse ao patamar de R$ 1,90, enquanto em maio
a moeda podia ser negociada na faixa de R$ 1,65.
Dólar
mais caro é prejudicial para os importadores
e também para brasileiros que pretendem viajar
para o exterior.
Há,
ainda, um efeito indireto sobre a inflação,
já que o dólar mais caro acaba encarecendo
diversos produtos, pressionando a inflação
para cima.
O
Banco Central deu sinais de que, se dólar
continuar nesse nível, será obrigado
a dar continuidade ao aumento dos juros, apesar
da crise.
Crédito
As
empresas brasileiras, principalmente as exportadoras,
vêm sentindo as conseqüências da
escassez de crédito no mercado bancário
internacional.
O
fato preocupa o governo, já que metade das
exportações brasileiras - o equivalente
a US$ 100 bilhões - é financiada por
bancos no exterior.
Em
agosto, o volume de crédito para exportação
revelou-se 32% menor do observado em abril do ano
passado, antes da crise.
O
governo brasileiro afirmou que está formulando
um plano para ampliar as linhas de financiamento
ao exportador.
Crescimento
Ainda
é cedo para mensurar o impacto da crise no
crescimento econômico, mas há estimativas
de desaquecimento para 2009.
A
pesquisa semanal do Banco Central do Brasil com
analistas revela que a expectativa de crescimento
é de 3,5% para o próximo ano. Há
cinco meses, essa mesma previsão era de 4%.
O
governo também já admite uma freada
no PIB, prevendo algo em torno de 3% e 3,5%. Ao
preparar o orçamento de 2009, em agosto,
o governo havia previsto um PIB 4,5% maior.
Bancos
Até
o momento, nenhum banco brasileiro foi afetado pela
crise. Um dos motivos para essa maior blindagem
está na legislação bancária
local, mais restrita quanto à terceirização
dos chamados créditos podres.
Além
disso, os bancos brasileiros vêm registrando
resultados financeiros extremamente positivos nos
últimos anos, o que lhes permitiu criar um
colchão para momentos de maior turbulência.
De
qualquer forma, o Banco Central do Brasil, por precaução,
adotou medidas para aumentar a liquidez do sistema
bancário, como leilões de dólar
e diminuição do compulsório
(espécie de garantia que precisa ser depositada
no BC).
|