O
aumento no número de vereadores aprovado
na noite desta quarta-feira (17) pelo Senado foi
barrado pela Mesa Diretora da Câmara.
Os deputados entenderam
que as alterações realizadas pelos
Senadores na PEC (Proposta de Emenda Constitucional)
que ampliou dos atuais 51.924 para 59.267 --acréscimo
de 7.343-- o número de cadeiras nas Câmaras
Municipais de todo o país desconfiguraram
o texto e, portanto, decidiram que não
vão assinar a matéria impedindo
que ela seja levada à promulgação
pelo Congresso.
Com a decisão
da Mesa, a PEC será devolvida ao Senado
e o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), deve solicitar ao presidente do Senado,
Garibaldi Alves (PMDB-RN), que em seguida repasse
a PEC aprovada pelos senadores para a análise
da Câmara. "Foi uma alteração
substancial", disse o corregedor da Câmara,
deputado Inocêncio de Oliveira (PR-PE).
Durante a votação
no Senado, o relator da chamada PEC dos Vereadores,
senador Cesar Borges (PR-BA), separou as duas
partes principais da proposta: a composição
e os gastos das Câmaras. Na PEC aprovada
pelo Senado consta apenas a parte do texto que
recebeu o aval da Câmara no início
do ano e altera a proporcionalidade de vereadores
em relação ao número de habitantes
do município.
Foram criadas 24
faixas de número de vereadores: os municípios
com até 15 mil habitantes terão
nove vereadores, enquanto os municípios
com mais de 8 milhões de moradores terão
55 vereadores.
Os senadores retiraram
da PEC um artigo que reduzia os percentuais de
repasse das receitas dos municípios para
as Câmaras --uma economia calculada em R$
1,5 bilhão.
De acordo com o
artigo, os municípios com arrecadação
de até R$ 30 milhões por ano poderiam
gastar com os legislativos municipais até
4,5 % da receita. Arrecadação de
R$ 30 a R$ 70 milhões --gastos de até
3,75%; de R$ 70 a R$ 120 milhões-- gastos
de até 3,5 %; de R$ 120 a R$ 200 milhões
--gastos de 2,75 %; e acima de R$ 200 milhões
os gastos podem ser de até 2 % do orçamento.
Borges argumentou
que as duas medidas deveriam ter tramitação
distinta por produzirem impactos diferentes. A
idéia do senador era discutir esta parte
da PEC, em 2009, em um novo texto.
Com a mudança,
as Câmaras Municipais vão continuar
a receber o montante previsto pela Constituição
Federal, sem aumento nos gastos mesmo com a criação
dos novos cargos.
Para a PEC ser
aprovada, os líderes do Senado fecharam
um acordo que permitiu a realização
de sessões extraordinárias seguidas,
contando prazos de votação --a PEC
precisa ser discutida por cinco sessões,
em primeiro turno, e por três, em segundo
turno.
A movimentação
atendeu ao pesado lobby dos suplentes dos vereadores
eleitos nas eleições municipais
de outubro, que pretendiam requerer na Justiça
o direito de assumir essas novas vagas e fizeram
vigília ao longo desta semana na Casa.
A emenda constitucional
aprovada busca resolver uma polêmica criada
em 2004, quando o TSE baixou uma resolução
estabelecendo instruções sobre o
número de vereadores a serem eleitos segundo
a população de cada município.
A resolução
redistribuiu os municípios em 36 faixas
e deu nova interpretação à
matéria, reduzindo o número de vereadores
em 2.409 municípios. A decisão do
TSE proporcionou ainda aumento no número
de vereadores em 19 municípios.