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O
advogado da Arquidiocese de Olinda e Recife,
Márcio Miranda, deve apresentar
ao Ministério Público de
Pernambuco, até a próxima
sexta-feira (6), denúncia de homicídio
contra a mãe da menina de 9 anos
que estava grávida de gêmeos.
Segundo Miranda, a mãe da menina
deve ser penalizada por ter consentido
com a prática do abordo dos fetos,
realizada na manhã desta quarta-feira
(4) em um hospital do Recife.
“Infelizmente
fomos surpreendidos com a péssima
notícia de que o aborto foi consumado.
Teremos que adequar a denúncia
à nova situação”,
diz Miranda. “A prática é
injustificável para a Igreja. Nós
só temos
a
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Padrasto
engravida enteada em PE
(Foto: Alexandro Auler/JC
Imagem/AE) |
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lamentar
e rezar a Deus”.
De
acordo com o advogado, a denúncia será
oferecida com base nos artigos 1º e 5º
da Constituição Federal, que asseguram
a inviolabilidade do direito à vida. “Além
de considerar nossas convicções religiosas,
nossa denúncia está atrelada à
Constituição”, afirma.
Intervenção
Em nota publicada em seu site, o Ministério
Público (MP) de Pernambuco afirma que, por
meio da promotora Jeanne Bezerra, acompanhará
o caso da garota. Até a tarde desta quarta-feira
não houve atuação judicial
do MP.
Segundo
a nota, como a legislação brasileira
permite o aborto em vítimas de estupro até
a 20ª semana de gestão – segundo
entendimento do Supremo Tribunal de Justiça
– o procedimento pode ser realizado de acordo
com avaliação médica, independente
de autorização judicial e, portanto,
de parecer do MP.
Entenda
o caso
A gravidez da criança, que teria sido vítima
de abuso por parte do padrasto, foi descoberta depois
que ela se queixou de dores. Ela foi levada pela
mãe à Casa de Saúde São
José, em Pesqueira (PE). Os médicos
classificaram a gestação da menina
como de alto risco, pela idade, pelo porte - ela
tem1,33 metro e 36 quilos - e por ser de gêmeos.
A família dela solicitou a interrupção
da gestação, situação
que é prevista em lei diante do risco que
a menina corre. Na última quinta-feira (26),
no Instituto Materno Infantil de Pernambuco (Imip),
a criança fez exames que constataram a gravidez
de 15 semanas.
O Imip deu entrada ao processo de aborto e uma equipe
de médicos e psicólogos começou
a preparar a criança para o procedimento.
Na terça-feira (3), entretanto, o pai biológico
da menina solicitou que o aborto não fosse
feito. A equipe médica interrompeu o processo,
aguardando consenso por parte da família.
Na noite da terça-feira a menina foi liberada
pelo Imip à pedido da mãe e levada
para o Centro Integrado de Saúde Amaury de
Medeiros (Cisam). Na manhã desta quarta-feira,
médicos do Cisam realizaram o aborto.
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