Tarde”
de São Paulo, publicada em 5 de dezembro
de 1987.
Há algum erro ou contradição
nessa afirmativa? Existe, nela, o mínimo
laivo de machismo ou de menosprezo pela condição
feminina? Claro que não, embora alguns entendam,
equivocadamente, que sim. Marias (que ao lado de
Gasset é dos poucos filósofos que
compreendo, sem precisar recorrer a dicionários
e, portanto, admiro, pela clareza e exatidão
de suas propostas) não quis dizer (e não
disse) que o homem seja superior à mulher,
ou vice-versa. Limitou-se a constatar o óbvio
(algo difícil de muitos entenderem): são
diferentes. E viva a diferença! Caso não
a houvesse, sequer existiríamos.
Por mais que respeite as mulheres (e as respeito
profundamente), e as ame (amo-as de paixão),
jamais cometeria a heresia de tratá-las da
mesma forma que trato os homens (muitas reclamam
essa igualdade de tratamento). Por que? Por machismo?
Por menosprezo? Jamais! Por reverência!
Óbvio que essa forma diferente de tratamento
não implica em subtrair da mulher seus mais
comezinhos direitos, como o da igualdade no trabalho,
no lar, na escola e em todo e qualquer lugar. Não
implica em questionar sua competência em nenhum
setor da vida apenas por causa da diferença
de gênero, até porque essa não
depende de sexo, de raça, de crença
ou seja lá do que for. Não implica
em tratá-la como perpétua criança
ou como “propriedade” masculina, como
não faz muito era costume (alguns imbecis
ainda agem assim mundo afora).
Para mim, as mulheres sempre serão diferentes
e ficaria aflito e infeliz se assim não fosse.
Uma dessas diferenças, por exemplo, é
do ponto de vista estético. Não consigo,
por mais que tente, ver beleza no homem. Para o
meu gosto pessoal, beleza é prerrogativa
exclusivamente feminina. Por mais que uma mulher
possa ser considerada “feia”, na comparação
com muitas outras, ainda assim, para mim, sempre
será mais bela do que o mais bonito dos homens.
Preconceito? Creio que não. Entendo que se
trate de bom-gosto. Em todo o caso... que atire
a primeira pedra quem achar que estou errado.
Outrossim, não me entra na cabeça
o fato de um homem, que queira merecer esse nome
(não confundir com o meramente “macho”,
pois o cão, o gato e o veado também
o são) agredir qualquer mulher, não
importa o motivo. E essa desgraça ocorre,
ainda, pelo mundo afora, na maioria das vezes impune,
ou com punições que descambam para
o ridículo. Isso é absolutamente inconcebível.
Recentes estatísticas revelam que, apenas
nos Estados Unidos, a cada vinte segundos, em média,
uma mulher é agredida. E no Brasil?
Outra coisa que não compreendo (e, obviamente,
com a qual jamais irei concordar) é quando
duas pessoas, que exerçam a mesmíssima
função, são remuneradas de
forma diferenciada, apenas por serem de sexos diferentes.
No caso, as mulheres continuam ganhando menos. E
são preteridas em promoções,
sobretudo quando se trata de alguma chefia. E são
discriminadas na política. O Brasil, em 509
anos de História, nunca teve uma mulher no
comando do País. Qual a razão objetiva?
Nenhuma! Puro preconceito (aqui, sim, cabe essa
constatação).
Eu, como editor (e, portanto, chefe da minha editoria),
sempre preferi (e continuarei preferindo) trabalhar
com repórteres femininas. Por que? Por razões
puramente práticas. Salvo exceções,
elas sempre se mostraram mais objetivas, mais assíduas,
mais dinâmicas, mais caprichosas, mais responsáveis,
criativas e sensíveis. E afirmo isso do alto
de mais de quarenta anos de experiência.
Creio que deixei clara minha posição.
Quanto aos direitos, defendo (e sempre defenderei)
que as mulheres têm e sempre deverão
ter, sem qualquer exceção, os mesmíssimos
do homem, quer no trabalho, quer no lar, na igreja,
na escola, na sociedade etc. Já quanto ao
tratamento, pelo menos da minha parte, este será
sempre e sempre diferenciado, com mais respeito,
mais afeto, mais ternura e mais admiração
pelas mulheres. Quem achar que estou equivocado...
atire a primeira pedra.
|