Preocupado 
                                com a falta de projetos das prefeituras por verbas 
                                da União, o presidente Luiz Inácio 
                                Lula da Silva vai aproveitar o encontro com os 
                                novos prefeitos, convocado pelo governo e que 
                                acontecerá nos dias 10 e 11 de fevereiro, 
                                para passar orientações de como 
                                elas devem se organizar para disputar os recursos 
                                federais. Uma das recomendações 
                                é a formação de consórcios 
                                para a contratação de equipes técnicas 
                                encarregadas de elaborar os projetos. 
                              O 
                                governo tem R$ 8 bilhões para gastar em 
                                obras de saneamento, urbanização 
                                de favelas e construção de moradias, 
                                mas entre os entraves que dificultam a aplicação 
                                está a falta de projetos, que precisam 
                                ser apresentados pelas prefeituras e aprovados 
                                pelo governo para a liberação dos 
                                recursos. O dinheiro está previsto no Programa 
                                de Aceleração do Crescimento (PAC). 
                                É o que mostra reportagem de Luiza Damé 
                                e Regina Alvarez na edição desta 
                                terça-feira em O GLOBO. 
                              O 
                                esforço do governo é para reduzir 
                                o déficit habitacional do país, 
                                que está em 7,2 milhões de moradias, 
                                e melhorar as condições de saneamento. 
                                Hoje, segundo dados do IBGE, cerca de 49% dos 
                                domicílios ainda não contam com 
                                rede de esgoto e quase 20% das moradias ainda 
                                não têm abastecimento regular de 
                                água. 
                              Desses 
                                R$ 8 bilhões, R$ 2 bilhões são 
                                do Fundo Nacional de Habitação de 
                                Interesse Social (FNHIS), R$ 4 bilhões 
                                são para saneamento e R$ 2 bilhões 
                                são da Fundação Nacional 
                                de Saúde (Funasa). O dinheiro do FNHIS 
                                pode ser usado na urbanização de 
                                favelas e na construção de moradias. 
                                Os R$ 2 bilhões devem ser investidos entre 
                                2009 e 2010. Os recursos de saneamento são 
                                para este ano. 
                              "Há 
                                problemas estruturais que precisam ser resolvidos, 
                                e nosso embate é neste sentido. Tem que 
                                ter obra, mas é preciso melhorar e retomar 
                                o planejamento dos municípios", afirma 
                                a secretária de Habitação 
                                do Ministério das Cidades, Inês Magalhães. 
                                
                              O 
                                presidente da Confederação Nacional 
                                de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, apoia 
                                a iniciativa do governo e reconhece a dificuldade 
                                das prefeituras na elaboração dos 
                                projetos. Segundo Ziulkoski, muitas prefeituras 
                                não têm estrutura para fazer os projetos 
                                nem disponibilidade financeira para contratar 
                                técnicos que desempenhem essa tarefa. 
                              "Estamos 
                                lamentando que o presidente esteja disponibilizando 
                                o dinheiro e nós não estejamos conseguindo 
                                fazer chegar lá na ponta", afirmou 
                                Ziulkoski. 
                              O 
                                governo fará um mutirão com os prefeitos 
                                para tentar gastar os R$ 8 bilhões nos 
                                dois últimos anos do mandato de Lula.