Bahia perde milhões com pirataria.
 
Odília Martins l Tribuna da Bahia
17-04-2009
 
O mercado da pirataria traz uma avalanche de prejuízos para diversos ramos. Empresas de artigos em couro, tênis, óculos, perfumaria, brinquedos, eletrônicos, cigarros, gravadoras e até laboratórios farmacêuticos não escapam da ação criminosa dos falsificadores. Mais de R$1bi é o valor do montante estimado para o total das apreensões no Brasil no ano passado, de acordo com a Receita Federal, órgão responsável pelo controle aduaneiro. Na Bahia, o valor se aproxima a R$ 10 milhões.

O Estado e o Município deixam de recolher os tributos e os direitos autorais também não são arrecadados. Mas, os danos não se restringem somente a sonegação fiscal e a série de ilicitudes por de trás dessa prática. A reprodução de produtos de marca conhecida ou não, de forma ilegal por não haver autorização acirra de forma velada outros problemas graves no país, conforme a superintendente da Receita Federal, Zayda Bastos Manatta.

"Ao contrário do que muita gente pensa, que seria um meio de escapar do desemprego, a pirataria traz uma competição desleal para o mercado de trabalho. Pois, a empresa tem um custo de pesquisa, outro custo para elaborar e para dispor para o consumidor legalmente paga os impostos. Se alguém vende o mesmo produto mais barato sem todos os gastos para lançar um produto, a pessoa está roubando o emprego de um bocado de gente. É uma selva nos negócios" afirmou Zayda.

Comunga do mesmo raciocínio, o secretário executivo do Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP) vinculado ao Ministério da Justiça, André Barcellos. "Estima-se que dois milhões de empregos deixem de ser gerados ao ano no País. A esse respeito, é um equívoco acreditar que a pirataria representa uma alternativa ao desemprego. Ao contrário, ela acirra ainda mais o problema, na medida em que as empresas legalmente estabelecidas, ao sofrerem com a concorrência desleal, são obrigadas a reduzir investimentos, e, até mesmo, fechar postos de trabalhos na economia formal".

Na tentativa de economizar, o consumidor, iludido pelo menor preço também é prejudicado. Pois, está adquirindo um produto de fabricação duvidosa que pode ser uma ameaça à saúde, a exemplo dos remédios. Em contrapartida, para preservar a clientela e driblar as falsificações, o Laboratório Pfizer criou uma nova embalagem para um dos seus remédios mais falsificados, o Viagra, para disfunção erétil.

O invólucro custa oito vezes mais caro. Além do material utilizado para coibir a pirataria do produto, um selo holográfico e a colagem da caixa foram as estratégias adotadas pelo fabricante para favorecer qualquer tipo de violação. "A falsificação de medicamentos é um problema sério, que pode comprometer a saúde dos pacientes. A nova embalagem do Viagra tem o intuito de proporcionar mais segurança, dificultando sua imitação", disse o diretor médico do Pfizer, João Fittipaldi.

Aliado as ações particulares por cada laboratório, um sistema de rastreamento de medicamentos está previsto para ser implantado até no máximo 2010, conforme já anunciado pela Tribuna da Bahia como mecanismo de maior rigor para endurecer o combate à pirataria. O sistema é o resultado de uma das inúmeras reuniões do CNCP. Entre as outras ações do governo federal, a criação de uma base de dados, uma campanha de conscientização para precaver os riscos a quem comprar tal produto.

Para toda a diversidade dos produtos pirateados que entram por diversas portas (porto, rodovias e aeroportos), é apontado como um dos grandes empecilhos para o combate na visão de Zayda. "A dificuldade está na capilaridade das portas de entrada da pirataria. É muito difundida. Parte das mercadorias vem das fronteiras, da América do Sul, do Paraguai, da Bolívia; dos grandes portos, São Paulo e Rio de Janeiro; nas rodovias muita coisa chega por Vitória da Conquista, sendo Feira de Santana um grande distribuidor", explicou Zayda.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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