SINTERP/BA assina moção de apoio ao MP contra “Na Mira”
Manoel Hito | 12-05-09
 
            O SINTERP/BA assinou uma Moção de Apoio, Aplauso e Vigília pelo ato do Ministério Público Estadual da Bahia (MPE) contra o programa de Televisão “Na Mira”. No inicio de abril, os diretores da TV Aratu/SBT foram chamados para um acordo, mas desprezam. Isto levou o MPE ajuizar uma ação civil pública, pedindo a suspensão do programa. No dia 15 de abril, o juiz determinou que o programa saísse do ar até a adequação. No dia seguinte, os dirigentes alegaram que não tinham recebido a notificação. Em 17/04, o MPE foi procurado pelos representantes da emissora para, finalmente, firmarem o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Agora, estão no período de adequação e o programa está “na mira” do MPE. Outras quinze entidades também assinaram o documento apoiando o MPE.

            Com a desculpa de mostrar a vida real, o programa exibe cenas de extrema violência. As reportagens constrangem de forma humilhante pessoas que são presas pela polícia. Portanto, ofende os direitos e garantias fundamentais da pessoa humana. Os baianos durante o horário de almoço são obrigados a assistir a cenas com cadáveres ensanguentados, torturas e assassinatos.

            Diante de tantas polêmicas, a emissora firmou compromisso com o Ministério Público, para que o “Na Mira” tenha um novo formato. A TV Aratu terá de zelar para que o programa somente veicule imagens apropriadas, que possam ser transmitidas em todos os horários da grade de programação. A prerrogativa é que seja evitado o grotesco e a exposição ultrajante daqueles que se encontram nas delegacias, seja qual for o motivo. Desta forma, a TV poderá prosseguir com a exibição do programa.

             Os promotores de Justiça Almiro Sena (Cidadania) e Isabel Adelaide Moura (Criminal), que moveram a ação contra o programa, ressaltam que o exercício da liberdade de imprensa, encontra-se preservado e deve estar em harmonia com os outros direitos fundamentais. Principalmente o desenvolvimento sadio das crianças e adolescentes. O acordo prevê multa diária no valor de R$ 5 mil, caso o programa não cumpra as obrigações assumidas.

Confira a integra da Moção de Apoio, Aplauso e Vigília.


MOÇÃO DE APOIO, APLAUSO E VIGÍLIA
As entidades e pessoas abaixo assinadas manifestam publicamente esta MOÇÃO DE APOIO, APLAUSO E VIGÍLIA pela ação do Ministério Público Estadual da Bahia (MPE), na pessoa dos promotores de Justiça Almiro Sena (Cidadania) e Isabel Adelaide Moura (Criminal), por firmar Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), no dia 17 de abril de 2009, com os diretores do programa de TV Na Mira, exibido de segunda à sábado, às 13 horas, pela TV Aratu, filiada do SBT.

No acordo a TV Aratu se compromete em reformular o conteúdo em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente, sob sujeição de multa diária de R$ 5 mil. A ação ocorreu após pedido dos promotores de suspensão imediata do programa, acatado pelo Juiz Manuel Bahia da 4° Vara Cível, no dia 15 de abril de 2009.

Os promotores e o juiz, numa atitude democrática e assertiva, atenderam as reivindicações iniciadas pelo movimento negro e endossadas pelos militantes pelo direito à comunicação, ao acusar o programa de violação dos direitos humanos, pela forma violenta e desrespeitosa de sua linha editorial, cujas reportagens e abordagem do apresentador âncora expõem de forma humilhante, ilegal e constrangedora a parcela da população negra e pobre de Salvador.

A ação dos promotores de Justiça Almiro Senna e Isabel de Adelaide Moura, e a decisão do juiz Manuel Bahia convergem com as mobilizações nacionais em prol da regulação das concessões de Radio e TV e pela Conferência Nacional de Comunicação. O direito de explorar a freqüência e transmitir conteúdo de radiodifusão é concedido pelo Estado sob tutela da representação popular. Cabe ao Estado zelar pela liberdade de expressão das outorgas de radiodifusão desde que não entrem em confronto com os direitos humanos.

As entidades e pessoas abaixo assinadas acreditam que a liberdade de imprensa e de expressão deve viver de forma harmoniosa com o respeito e garantia dos direitos humanos. Desta forma, a adequação de um programa ofensivo aos direitos fundamentais como o Na Mira de milhares de lares baianos não se caracteriza como ato de censura, e sim como controle público das concessões de comunicação, essencial numa sociedade democrática mediada em grande parte pela TV. Exibir imagens e proferir expressões que ferem a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Declaração de Durban, dentre outros marcos legais históricos e simbólicos da luta da sociedade, é ameaçar a democracia, na contramão de todos os valores sociais, éticos e culturais pelos quais tantas mulheres e homens vêm lutando neste país e na Bahia.

Este estado, que realizou de forma precursora uma Conferência de Comunicação em 2008, deliberou, dentre suas 22 resoluções, pelo combate a todas as formas de discriminação e pela valorização da pessoa humana e da diversidade. Portanto, a ação do MPE acatada pelo Juiz Manuel Bahia se constitui como uma resposta à demanda de uma parcela da sociedade baiana, que reivindica seu reconhecimento social na mídia pautado pelo respeito de classe, raça, etnia, gênero, religião, deficiência, orientação afetivo-sexual, procedência regional, dentre outras características sociais e culturais que marcam a pluralidade humana.

Como militantes e atuantes dos direitos humanos as entidades e pessoas assinantes desta moção se colocam como parceiras da Justiça e de todas as instituições, organizações e movimentos de luta pelos direitos humanos, bem como em estado de vigília e abertas ao diálogo e à mediação junto aos veículos de comunicação, a fim de colaborar para qualificar o jornalismo baiano.

CIPÓ - Comunicação Interativa
Coletivo Brasil de Comunicação Social - Intervozes
Executiva Nacional de Estudantes de Comunicação Social - ENECOS
Instituto de Desenvolvimento Social e Ambiental - IDESAB
Conselho Regional de Psicologia - CRP-03
Movimento Sem Teto da Bahia - MSTS/BA
Instituto de Mídia Étnica
Associação Brasileira de Rádios Comunitárias - Sisal/Bahia
Instituto Santo Antônio (ONG) - INSANTO/ Lamarão FM
Instituto de Cooperação Belgo Brasileiro para o Desenvolvimento Social – Disopbrasil
Associação de Rádio Comunitária de Juazeirinho – Juá FM
Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan – CEDECA/BA
Associação de Pais e Mestres de Saramandaia – APMS
ONG SECACA - Espaço de Confraternização, Apoio à Cidadania e às Artes
Coordenadoria Ecumênica de Serviços - CESE
Articulação de Mulheres do Brasil - AMB
Sindicato dos Trabalhadores em Radio, TV e Publicidade do Estado da Bahia (SINTERP/BA)
Esta matéria foi recebido por e-mail por Manoel Hito, sócio do SINTERP/BA.

 

 
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