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Brasileiro lê menos que há dois anos. |
Pesquisa
realizada pela Fecomércio-RJ revela que
aumentou a parcela de pessoas desinteressadas
em atividades culturais |
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AE
- Agencia Estado
Ubiratan Brasil - 23/02/2010
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HÁBITO
CONDENADO - Maioria das pessoas
(60%) respondeu não ter o costume
de ler, enquanto 22% confessam não
gostar: assistir à TV é o passatempo
preferido dos brasileiros . |
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O
brasileiro hoje lê menos livros,
visita menos exposições de arte
e assiste a menos espetáculos de
dança que em 2007. A queda foi detectada
em uma pesquisa realizada pela Fecomércio
do Rio de Janeiro, cujo objetivo
é o de mensurar os hábitos de lazer
relacionados à cultura. Em compensação,
as pessoas aumentaram sua ida ao
cinema e mantiveram o mesmo índice
de visita ao teatro e aos shows
de música.
O levantamento teve alcance nacional
e foi realizado em mil domicílios
situados em 70 cidades, incluindo
9 regiões metropolitanas. As apurações,
realizadas em dezembro tanto no
ano passado como em 2007, buscavam
entender a visão da população sobre
atividades culturais de lazer e
os motivos que a levam a procurar
por essas atividades. Também interessou
descobrir a avaliação dos consumidores
sobre sua participação no ambiente
cultural.
As conclusões não foram animadoras.
Para a questão a respeito do hábito
cultural, como ler um livro, assistir
a um filme no cinema, visitar exposições,
ir ao teatro e a espetáculos de
dança, 60% das pessoas responderam
não ter praticado nenhuma daquelas
atividades (em 2007, a cifra era
de 55%). Motivo: falta de hábito
ou gosto.
Já entre aqueles que desfrutaram
ao menos um dos hábitos, a maioria
(ou seja, 23%) disse ter lido um
livro. A leitura, porém, parece
estar cada vez mais em desuso pois,
dois anos antes, a mesma atividade
era confirmada por 31% das pessoas
consultadas. A partir dessas cifras,
a pesquisa buscou dissecar os motivos
daquela queda: 60% das pessoas responderam
não ter o hábito da leitura, enquanto
22% foi direta, afirmando não gostar
de ler. A restrição econômica não
aparece como determinante, uma vez
que apenas 6% confessaram não ter
como pagar pelos livros.
O teatro enfrenta situação semelhante,
pois 38% das pessoas disseram não
ter o hábito de frequentar as salas
de espetáculo, enquanto 27% garantiram
não gostar de assistir a uma peça
teatral.
Quais seriam, então, os hábitos
culturais dessas pessoas? As respostas
não foram surpreendentes - 68% dos
entrevistados declararam-se espectadores
da TV, enquanto 14% preferem ir
à Igreja ou a algum culto religioso.
Encontrar amigos e parentes em um
churrasco ou em um almoço é o hábito
de 12%. Ir a barzinhos foi a resposta
de 9%, enquanto futebol é a preferência
de 8% dos entrevistados. Finalmente,
ir a restaurantes foi a resposta
dada por 4%.
Se pudessem escolher entre as atividades
apresentadas, a maioria das pessoas
(22%) preferiria ir ao cinema, acompanhada
de perto por aqueles que ambicionam
ir a um show musical (21%). Curiosamente,
17% dos consultados revelaram desinteresse
por todas as opções. Depois de analisar
os dados, Orlando Diniz, presidente
do Sistema Fecomércio-RJ, respondeu
às seguintes questões.
Para resolver o problema do baixo
índice de leitura no País seria
preciso uma política pública ampla,
que ataque várias questões relacionadas
ao tema? Ou seja, mais incentivos
do governo na educação e na construção
de mais bibliotecas?
A opção "ler um livro"
aparece no topo do ranking de preferências
dentre a minoria que usufruiu pelo
menos uma das atividades culturais
listadas na pesquisa. A preferência
pelo livro encontra justificativa
pelo fato de ele estar mais ao alcance
da população e ter o benefício de
permitir uma ampla circulação de
um mesmo produto. Pelo levantamento
da Fecomércio-RJ, se compararmos
a parcela de brasileiros que leem
com os que vão ao teatro, ao cinema,
a um espetáculo de dança, uma exposição
ou a um show é possível observar
que, apesar de baixo, o brasileiro
opta pela leitura dentre todas atividades
de lazer cultural citadas na pesquisa.
A pesquisa nos inclina a pensar
que as ações devem ser desenvolvidas
no sentido de criar o hábito e desenvolver
o gosto das próximas gerações por
atividades culturais. Segundo o
IBGE, 89,1% dos municípios brasileiros
possuem bibliotecas públicas. A
meta é repensar o papel da cultura
numa sociedade moderna que não considera
lazer cultural como uma forma de
entretenimento.
Sobre o preço, a reclamação do leitor
reflete a tese de que o livro não
ocupa um papel fundamental na nossa
cultura e economia?
O levantamento mostra que há uma
inércia em relação à cultura que
não passa necessariamente pela questão
do preço, mas pela falta de hábito.
Tanto que o porcentual de brasileiros
que não leem porque é caro (2%)
aparece como o quinto motivo, bem
depois de "não tenho o hábito"
e "porque não gosto".
Isso nos leva a crer que a questão
é intergeracional - em geral, os
pais não têm o hábito de frequentar
"ambientes culturais",
como museus, cinema ou teatro, e,
por isso, não estimulam os filhos.
Se um trabalho coerente e de eficácia
garantida fosse iniciado hoje, é
possível prever quando o índice
atingiria números aceitáveis?
Não é possível fazer uma previsão
desse tipo porque a eficácia vai
depender da recepção do público
que, como já vimos, passar por uma
questão intergeracional. É preciso
uma ruptura com os paradigmas, um
esforço nacional de longo prazo
para interromper a inércia da falta
de incentivo aos hábitos de cultura,
nesse caso de leitura. Afinal, para
gostar, é preciso conhecer, e a
valorização de hábitos culturais
tem de começar cedo.
Em Números
LEU ALGUM LIVRO
23% (2009) contra 31% (2007)
ASSISTIU A ALGUMA PEÇA OU ESPETÁCULO
DE TEATRO
6% (2009) ante 6% (2007)
VISITOU ALGUM TIPO DE EXPOSIÇÃO
DE ARTE
4% (2009) contra 8% (2007)
FOI AO CINEMA
18% (2009) contra 17% (2007)
FOI A ALGUM TIPO DE SHOW DE MÚSICA
20% (2009) ante 20% (2007)
ASSISTIU A ALGUM ESPETÁCULO DE DANÇA
4% (2009) contra 7% (2007)
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