O evento, organizado pelo Grupo
de Estudos de Comunicação e Política
da UFBA, do qual o jornalista e
professor Emiliano José é coordenador,
aconteceu no auditório da Faculdade
de Direito da UFBA e foi transmitido
ao vivo pela internet, através do
site da Companhia de Processamento
de Dado do Estado da Bahia (Prodeb).
Emiliano
José convocou a mesa de abertura
composta pelo palestrante Mino Carta,
o reitor da Universidade Federal
da Bahia (UFBA), Naomar Almeida,
o reitor da Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia (UFRB), Paulo
Gabriel, o ex-governador Waldir
Pires, e os professores da UFBA
João Carlos Salles, Gilberto Wildberger
Almeida e Sebastian Borges de Albuquerque
Melo, este último representando
o diretor da Faculdade de Direito
da UFBA, Celso Luiz Braga de Castro.
Após agradecer o apoio da Faculdade
de Direito da UFBA e da UFRB, Emiliano
disse que a ideia deste seminário
nasceu de suas discussões sobre
o Brasil de hoje e, sobretudo, da
relação entre a política e a mídia.
Como jornalista e professor de Comunicação,
ele vem tratando do assunto há tempos
em pronunciamentos, livros, artigos
e teses de mestrado e doutorado.
Emiliano critica o que ele chama
de PIG - Partido da Imprensa Golpista
- e afirma que a imprensa no Brasil
tem lado político.
O jornalista Mino Carta abriu a
palestra dizendo que gostou muito
do assunto sugerido para o debate.
Para ele, é importante discutir
o papel da imprensa em um ano eleitoral.
“A mídia brasileira é a mesma que
implorou o Golpe de 64. Que chamava
o golpe de revolução. E está aqui
hoje. A mídia funciona como instrumento
do poder. Vejam o que está acontecendo
agora. A Globo, a Folha de São Paulo,
a revista Veja e outros veículos
estão a favor de José Serra. A cobertura
da candidatura dele está nas ruas.
Fazem disso uma coisa emocionante.
Emocionante pra qualquer um, até
para mim”.
Segundo ele, a Carta Capital, embora
tenha apoiado o presidente Lula
em 2002 e 2006, não deixa de ser
sempre "muito crítica"
com o Governo Lula. “A Carta Capital
é acusada de ser petista. E ninguém
diz que o resto da mídia é totalmente
partidária. Que age igual a um partido.
Somos acusados não só de ser petistas,
mas de trair os princípios básicos
do jornalismo. Isso é um absurdo.
Nós sempre deixamos clara a nossa
posição. Nós, provavelmente, apoiaremos
a candidatura de Dilma Rousseff,
mas no momento certo”, disse.
Na opinião de Mino Carta, a verdadeira
alma das pessoas que querem que
o País seja o melhor do mundo é
de esquerda. “A igualdade é o que
caracteriza hoje a pessoa de esquerda.
O progresso e o desenvolvimento
é a chave para a democracia. E quem
quer atingir esse objetivo, ao meu
ver, é o povo de esquerda”, ressaltou.
Em relação ao exercício da atividade
de imprensa, Mino disse não acreditar
na objetividade jornalística. “Isso
é uma grande balela. Eu sou subjetivo.
O que o jornalista tem que ser é
honesto, ver a verdade factual,
dar voz a todos os lados. Não deve
mentir e nem omitir informação alguma.
Mas é preciso também do espírito
crítico”.
Para ele, a mídia está sempre a
omitir, fantasiar, manipular muito
e, constantemente, a mentir muito.
“Isso é fácil de constatar. É medíocre
o desrespeito dos nossos jornalistas.
Os jornais brasileiros dão pena
se comparados a outros de países
mais democráticos. Sem contar que
são mal impressos. Hoje é muito
raro um texto jornalístico de qualidade”,
criticou.
Outros seminários
- Esta foi a primeira edição da
série de seminários “A Política
e a Vida na Esquina do Mundo”. Outras
palestras estão sendo agendadas
com os cientistas políticos Giuseppe
Cocco (UFRJ), que virá em maio,
Juarez Guimarães (UFMG) e com a
filósofa Marilena Chaui (USP), ambos
com datas em negociação.
Quem é Mino Carta
Começou a carreira na cobertura
do mundial de futebol de 1950 como
correspondente do jornal "Il
Messaggero" de Roma. É colaborador
da revista "Anhembi",
fundada e dirigida por Paulo Duarte,
(1951 / 1955). Redator da agência
"Ansa" em São Paulo (1954
/ 1956). Redator na Itália dos jornais
"La Gazzetta del Popolo",
de Turim, e "Il Messaggero"
(de 1957 à 1960) e, no período,
correspondente do "Diário de
Notícias" do Rio e da revista"Mundo
Ilustrado".
Foi ainda fundador e diretor de
redação da revista "Quatro
Rodas" (1960 / 1964). Fundador
e diretor de redação da Edição de
Esporte de "O Estado de S.Paulo"
(1964 / 1965). Fundador e diretor
de redação do "Jornal da Tarde"
(1966 / 1968). Fundador e diretor
de redação da revista "Veja"
(1968 / 1976). Fundador e diretor
de redação da revista "Istoé"
(1976 / 1981). Fundador e diretor
de Redação do "Jornal da República"
(1979/1980). Diretor de redação
da revista "Senhor" (1982
/ 1988). Diretor de redação da revista
"Istoé" (1988 / 1993).
Fundador e diretor de redação da
revista "Carta Capital"
desde junho de 1994.
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