A
Com tema político, mas sem a presença dos candidatos
à Presidência, a 14ª Parada GLBT (Gays, Lésbicas,
Bissexuais, Travestis e Transexuais) começou neste
domingo com cerca de uma hora de atraso, por volta
das 13h, na avenida Paulista, em São Paulo. A
via foi totalmente tomada pelo participantes,
a maioria fantasiada - principalmente com as cores
do Brasil.
O Hino Nacional em ritmo eletrônico abriu a festa.
O público seguiu em caminhada para a rua da Consolação
e, depois, para a Praça Roosevelt, onde ocorre
tradicionalmente o encerramento.
Das 12h30, quando a parada começou oficialmente,
até as 17h, quando os últimos carros de som desciam
a Rua da Consolação, a polícia não havia registrado
nenhuma ocorrência grave. Apenas pequenos furtos
e problemas relacionados à bebida alcoólica em
excesso. A Parada Gay de São Paulo é hoje a maior
manifestação do tipo no mundo, segundo o Livro
dos Recordes.
Voto pela diversidade
Em ano de eleição, o tema da Parada Gay é “Vote
contra a Homofobia: Defenda a Cidadania”. “Votar
contra a homofobia é dizer um basta às imposições
de uma classe conservadora, que defende valores
arcaicos, baseados unicamente em interesses próprios
e sem visão democrática”, afirma Alexandre Santos,
o Xande, presidente da Associação da Parada.
Ao contrário da tradicional bandeira do arco-íris,
que simboliza a diversidade, este ano os trios
elétricos estão decorados principalmente com as
cores preto e branco. A organização disse que
a fase de "buscar visibilidade já passou"
e que o movimento gay busca neste ano "atuar
direto" frente aos Governos nacional e regionais
por reivindicações.
“Temos de pressionar os políticos por leis mais
rígidas para a questão da violência contra os
gays”, afirmou Patricy Guimarães, uma das participantes
do evento. “Acho positivo a gente pedir respeito
dos candidatos. Para mim, basta que eles cumpram
o que está na Constituição”, disse Paulo Silveira,
que acompanhou a parada na porta de um banco na
Avenida Paulista.
A artesã Daniele Belchior, que trabalha desenvolvendo
produtos para o público gay, tenta pela quarta
vez comercializar seu artesanato na Parada. Parte
de seus produtos deste ano foi confiscada pela
Guarda Municipal, mas a outra, como canecas estampadas
com um arco-íris, era vendida por até R$ 5.
Por dois anos, Daniele, que diz já ter sofrido
muito preconceito no Brasil por sua opção sexual,
também trabalhou numa parada semelhante que é
realizada na Espanha. “Acho que aqui é muito carnaval.
Não tem nada político. Eles podem propor o que
for, mas aqui não adianta. Em Valência (Espanha),
onde eu morava, era bem mais político. Lá eles
lutam por seus direitos e têm muitos mais direitos
do que aqui”, afirmou.
Acompanhado pela mulher e seus dois filhos, Arnon
Thalemderg, morador da capital, decidiu ir à Avenida
Paulista para que as crianças pudessem “conhecer
a diversidade e aprender a respeitá-la.
“Acho que [isso vem] da educação preconceituosa
dos pais que não aceitam coisas diferentes do
modo de vida deles. Os pais não precisam concordar
com tudo o que as outras pessoas fazem, mas devem
aprender a respeitar isso. E é isso que temos
que passar para os nossos filhos. Eles podem ser
do jeito que quiserem, mas precisam saber respeitar
os diferentes”, afirmou.
|