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Delorme Martins 92 anos de idade e mais de 60 de profissão
 
Texto e Foto: Julien Karl - 29/06/2010
Dr. Delorme Martins é médico, residente de Ipirá (Bahia) tem 92 anos de idade e mais de sessenta de exercício da Medicina e ainda continua atendendo todas terças e quintas em seu consultório que fica na frente de uma praça no centro da cidade. Conta-se que já foi prefeito da cidade, já fez parto de menino de duas cabeças e já foi preso político na ditadura. Confira um pouco mais da história peculiar deste médico.

Uma pequena biografia

Delorme Martins nasceu em Baixa Grande no ano de 1918, mas foi criado em Macaúbas, cidade próxima. Quando terminou a escola foi para Salvador cursar medicina seguindo a sina do pai e do avô, ambos médicos. Lá, foi um dos fundadores da União Nacional dos Estudantes (UNE). Após sua graduação, o então formado doutor voltou à Ipirá para trabalhar com o pai. Ainda no ano de 1946, Dr. Delorme fundou junto
com o colega Elziro Macedo a primeira clinica da cidade, a Santa Helena. Sua intenção era a de unir atendimento e cirurgia em um local. “Nossa idéia era a de não precisar mandar tanta gente para os hospitais de Feira de Santana e Salvador” - explicou. E deu certo. A clínica funciona até hoje, e estima-se que já tenha atendido pelo menos 100 mil pacientes e realizado mais de 15 mil partos.

Com o sucesso da clínica e seu reconhecimento na região, Dr. Delorme fortaleceu-se na esfera política e tornou-se prefeito de Ipirá em 1962, tendo governado a cidade “bem no começo dos anos da revolução”. Durante a ditadura foi preso duas vezes. “Fui de esquerda, socialista, sabe como é, né? Apesar de tudo, as prisões eram muito interessantes. A gente crescia muito politicamente”, revelou Delorme, que já ficou preso quatro dias no quartel do Largo dos Aflitos e um dia em Feira de Santana. Após a experiência de comandar a prefeitura, o médico ainda participou por muitos anos da vida da cidade “fazendo prefeitos” como ele mesmo coloca. Em 1975, com a clientela da clínica crescida, Delorme “convocou” o filho, Luiz Carlos, e o genro, Roberto, médicos que estavam em São Paulo de volta para Ipirá, para ajudarem na Santa Helena. O “chamado de mestre” funcionou e não somente trouxe dois médicos como também dois futuros prefeitos: Dr. Roberto Cintra foi autoridade máxima municipal de 1982 a 1986 e Dr. Luiz Carlos Martins de 1997 a 2004.

Em 1995, Delorme passou por um susto. Já com 77 anos, teve um enfarto e precisou viajar para colocar uma ponte de safena e fazer um longo tratamento. O retorno à cidade emocionou a população, que fez festa na praça e cortejo nas ruas para recebê-lo. O episódio não lhe impediu de continuar clinicando e realizando partos até um par de anos atrás.

Peripécias

Quando Dr. Delorme iniciou sua carreira de médico os tempos eram outros. Na medicina imperava fortemente a figura do médico de família, e nas cidades menores do interior havia uma figura que podia ser denominada inclusive de médico da cidade. As condições de atendimento também não eram as melhores e uma das atividades que demandavam a assistência médica com mais freqüencia, “o parto”, tinha de ser realizado, por vezes, de maneiras inusitadas e improvisadas. O médico era um verdadeiro artesão. “Na obstetrícia as mãos são muito importantes, até mesmo para não estragar a mulher”, contou Delorme. Mas não foi só de habilidades e talento que dependeu para superar as dificuldades daqueles tempos. A paixão pelo trabalho, coragem e solidariedade lhe levaram a fazer algumas peripécias como ir algumas vezes disparado, a cavalo, fazer um parto no meio de uma noite de tempestade contra os pedidos da esposa. E entre suas histórias contadas pelos moradores de Ipirá a mais famosa é a de uma criança de duas cabeças que Dr. Delorme trouxe ao mundo...

Dr. Delorme conta que já hospedou doentes em sua casa e que os convidava para acompanhá-lo nas refeições. Era comum que sua esposa encontrasse a casa cheia de pacientes. Outra coisa que nunca exigiu de seus pacientes foi pagamento: “Se não pudessem pagar não pagavam. O que ocorria muitas vezes é que tive que aceitar galinhas ou outros objetos como pagamento. Se não aceitasse era uma desfeita, porque para a família eram coisas importantes”, contou.


Dona Catarina

Paralelamente à sua história política e profissional Delorme construiu, junto com sua esposa, a “Professora Catarina”, uma trajetória imensa de amor. Seu pai era médico da família dela e se conheceram ainda muito jovens quando ela tinha apenas 15 anos. “Ficamos noivos quando ele ainda estava aqui e quando se formou veio direto de Salvador para cá”, conta Dona Catarina, hoje com 90 anos de idade e 63 de casamento. A relação dos dois gerou quatro filhos – um deles já falecido - 11 netos e 6 bisnetos. O filho Luiz Carlos é médico e também já foi prefeito de Ipirá e dentre os netos já há quem esteja estudando medicina para continuar infindamente o legado da família.
 
Fonte: Revista Vida & Ética, n°1, Jan/Fev/Mar 2010, pags. 6 e 7 - 17/06/2010
 
“IPIRÁ NEGÓCIOS dá Existência Pública aos Eventos e as Notícias Acontecem”
 

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