A
presença do vice, na chapa de governo,
tem sido destaque ultimamente no noticiário,
tanto em cenário nacional, como aqui em
Ipirá. No plano executivo nacional, hoje
está à frente do governo, interinamente,
o peemedebista Michel Temer, vice da presidente
Dilma Rousseff (PT), afastada pelo congresso
sob suspeitas de crime de responsabilidade.
Num contexto que provoca a incredulidade
de grande parcela da população, Ipirá
convive, desde janeiro de 2013, com circunstâncias
(que não seria exagero falar) imponderáveis
em período tão curto de tempo. Uma renúncia
da prefeita eleita, em menos de 20 dias
de trabalho, por razões alegadas de saúde,
foi só o primeiro ato de uma trama política
que hoje destoa em muito daquilo que se
pressupunha do grupo da ‘macacada’, em
sua tentativa de fazer mais um sucessor
nas eleições desse ano.
O ano de 2013 marcou a ascensão do PT
local, através do vice na chapa que compunha
o grupo da macacada. Por mais de dois
anos, durante o ‘governo PT’, não faltou
quem questionasse a sobreposição de bandeiras
de governo (PT X Macacada). Muito embora
esta tenha sido a coligação de campanha,
é impossível não supor que tenha havido,
sim, um atrito entre egos inflados de
duas ideologias políticas distintas, historicamente.
Em meados de 2015, ocorre um segundo ato
decisivo para o desenrolar histórico da
política local: o prefeito Ademildo Almeida,
ao descobrir a doença que o acomete, licencia-se
do cargo, cedendo espaço, desta feita,
ao presidente da Câmara Municipal, Aníbal
Ramos Aragão. Ao voltar de sua licença,
o petista não se alonga muito em seus
despachos, e logo percebe a necessidade
de mais tempo para se cuidar, dando chances
ainda maiores para que o atual prefeito,
Aníbal Ramos, entenda ser possível um
prolongamento dessa realidade que aí está,
lançando-se então, à cabeça de chapa,
depois de outras reviravoltas impressionantes
na cúpula do grupo.
Desse modo, e de forma bem curiosa, talvez
por ironia do destino mesmo, o grupo denominado
‘macacada’ se depara com a ‘necessidade’,
ou mesmo artifício do jogo político, de
fazer nova coligação com um grupo, que
na última eleição municipal, se propôs
a ser exatamente o oposto do que esses
dois pólos de governo (Jacu X Macaco)
já tinham feito por esta cidade.
Quanto a esta coligação, da qual sabe-se
pouco sobre os ‘argumentos’ de convencimento
para conquistar o Renova, é propagada
uma pretensa vantagem por haver uma coalizão
já formada, enquanto o grupo da ‘jacuzada’
apenas está na fase de sondagens. Obviamente
que esse raciocínio muito pouco interfere
no desdobramento de muita coisa que ainda
está por vir na corrida eleitoral desse
ano.
Fato é que a composição de chapa com um(a)
vice, tomando como parâmetro o que tem
acontecido em âmbito nacional e local,
recentemente, revela o quão importante
é a parceria que é formada, porque ao
menos três alternativas são possíveis
nesses conchavos: o vice será, em qualquer
hipótese, um fiel escudeiro e defensor
das idéias já implantadas; o vice poderá,
no transcurso do governo, apenas espreitar
e torcer contra, esperando uma oportunidade
para fazer diferente; como também o vice
pode contrariar prognósticos, com sua
peculiaridade de governar, ainda que em
desacordo com os costumes próprios de
determinado governo.
Diante desses fatos recentes, portanto,
é forçoso admitir que a boa escolha do
vice não é tão somente peça decorativa
na formalidade da chapa de governo, sua
escolha deve passar muito além disso,
deve inspirar as condições ideais e necessárias
para pelo menos manter um nível de protagonismo
quando o dever da função lhe couber. A
chapa formada precisa conter, sobretudo,
a empatia de interesses e projetos comuns,
para que a continuidade do trabalho, em
caso de necessidade, não seja abalada
pela falta de elo nos ideais políticos.
Por Diogo Souza |