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Aterrissagem forçada do governador em Ipirá
 
28/02/2018 
 
O atraso do helicóptero que transportava o governador Rui Costa deixou todos os presentes apreensivos: “O que será que aconteceu?” Três horas depois o governador baixou em Ipirá. “Ufa, que alívio!” O governador Rui ‘Correria’ deu a cara.

O entra e sai nas salas trouxe-me à lembrança de uma imagem clara, transparente e oportuna: ”Cachorro perdigueiro farejador no encalço da codorna.” O governador Rui Costa na correria e o prefeito Marcelo Brandão correndo atrás. Que foi engraçado, lá isso foi.

O prefeito Marcelo procurando dá o bote aproveitava a brecha e encostava no governador, vinha um macaco e dava-lhe um chega prá lá e metia a cara na self; o prefeito Marcelo Brandão conseguiu botar o braço no ombro do governador Rui, eu pensei: “Êta, o prefeito Marcelo Brandão vai dar uma gravata no pescoço de Rui “Correria”! O governador jogou o corpo para um lado e saiu pelo outro, parecia que estava ensaboado. O prefeito perdeu o abraço de tamanduá ou melhor, deixou de dá o ‘tranco de Antão’ no pescoço do governador.
 
 
Mas, que foi engraçado foi. A marcação do prefeito Marcelo era homem a homem, perfeita em todos os detalhes. Para você ter uma idéia real da situação, imagine um jogador do meio de campo com a incumbência de marcar um atacante como um carrapato: “Onde ele for, você vai atrás dele!”. No meio do jogo, o atacante foi substituído e o marcador foi com ele para o vestiário. O treinador foi incisivo: “Volta desgraça, ele saiu do jogo!” Se o governador fosse ao sanitário, o prefeito iria atrás.

E a macacada? Minha nossa! A macacada ia revezando na trombada para tirar o prefeito da jogada. Se fosse um jogo de sinuca, seria uma saraivada de tacadas para tirar a bola do 25 da boca da caçapa. Isso é jogo político. O prefeito estava agindo corretamente, com a regra debaixo do braço, que lhe dava a vantagem por ser o prefeito da ocasião e a macacada, também, agia corretamente na defesa do seu espaço. Era Lé e Cré.
 
 
Vamos ao momento mais importante na programação: os discursos. Aqui é que a panela de pressão esquenta e só vai subir no pau de sebo quem tiver muita terra nos pés.

O senador Pinheiro vem comendo o requeijão de Zé Baiano há mais de duas décadas, deve estar empanzinado e a vitrola já furou o disco. Êta, discursozinho surrado!

O deputado Afonso Florence encheu o peito para dizer que é macaco e PT; isso só enrola besta, porque é mais fácil um cachorro andar em duas pernas e comer capim, do que o deputado dizer uma bizarrice dessa em Salvador ou Brasília. É conversa prá boi dormir. Tu és macaco e a macacada não é PT nem aqui nem no inferno.

O deputado Jurandy Oliveira esqueceu o nome do secretário Pinheiro, deu branco, é natural e normal, aí ele deu uma de esperto em terra de gente ingênua: “Eu não disse o nome de propósito” disse o deputado. Lembrando o tempo em que o deputado perguntava ao eleitor: “Como vai seu pai?” e ouvia, “meu pai já morreu, deputado!” e retrucava: “Já morreu para você filho ingrato, para mim ele está vivo aqui em meu coração!” Até um menino sabe que não foi intencional.

Intencional mesmo foi o discurso do deputado Jurandy Oliveira na recepção ao senador Otto Alencar, quando o deputado discursou: “Eu não sou PT” aí a macacada aplaudiu de pé. “Essa turma andou fazendo coisa errada e de mim ninguém diz nada” arrematou o deputado. Quando o deputado esquecer o nome de Ipirá não será novidade nenhuma, em 36 anos (nove mandatos) o deputado lembrou muito pouco de Ipirá. Mas, esqueçamos essas falações e vamos para os discursos dos dois graúdos: o prefeito e o governador.

 
 
A expectativa era grande: o prefeito vai comparecer ou não? O prefeito teria direito a discurso, é institucional. Chegou o momento do prefeito falar. Pense num gol impedido do Flamengo contra o Corinthians com o juiz validando. Uma sonora e direcionada vaia. Coisa premeditada e articulada pela macacada, porque o nome mais aplaudido foi o do candidato derrotado Aníbal. Aí eu pensei: “Isso aqui é angu com caroço!” Estava mais do que evidente que o prefeito Marcelo Brandão estava metido numa saia justa, justíssima.

Temos a obrigação de ser justo e coerente. O prefeito Marcelo Brandão foi corajoso, destemido e intrépido. Comparecer ao ninho da macacada, como um intruso mal visto e repudiado, que a macacada teve que engolir inteiro, sem passar manteiga, graxa ou cuspe, foi simplesmente uma aventura de filme cowboy italiano.

O prefeito Marcelo Brandão encostou no microfone e o pau cantou. Nas cadeiras do palanque, os macacos sentados soltaram risos pelos cantos da boca. O prefeito Marcelo Brandão sentiu o impacto inicial, mas manteve-se frio, firme e relutante diante da situação adversa; não ficou nervoso, foi coordenando as idéias, controlando as emoções, sem se exasperar, manteve a tranqüilidade e ganhou terreno ao propor a união por Ipirá, para o bem e o progresso de Ipirá. O prefeito tirou de letra e saiu da embrulhada.
 
 
Mas, também, ficou claro, só não percebeu quem não quis perceber, que a desgraça da administração do prefeito Marcelo Brandão foi decretada nesta tarde de quarta. O governador não enfatizou o poder reivindicatório do prefeito, só dos deputados.

O prefeito só foi recebido na governadoria porque o deputado Bacelar intercedeu. O governador ressaltou a prepotência e o orgulho do prefeito, em conversa com a macacada, por ser do outro lado. Tá carimbado e ferrado, prefeito! Suas reivindicações foram para a lata de lixo. A sua foto no trator e na ambulância tem o sabor daquele boneco ‘Mané Gostoso‘ ou a mesma importância que o bode de Luís Cazumba tinha na foto do Independente F. C.
 
 
Prefeito, Marcelo Brandão! V. Exa., foi corajoso e mostrou raça quando se apresentou na arapuca do macaco, para participar de um jogo de cartas marcadas. Aquilo era um palanque da macacada. Agora, todos os ipiraenses esperam que V. Exa. mostre que é uma pessoa com maturidade para exercer o cargo máximo dessa terra: Prefeito de Ipirá. Que V. Exa., não seja corroído pelo rancor e pelo ódio, perseguindo a juventude ipiraense que mora na residência.

O exercício do protesto foi coerente, justo, democrático e V. Exa., tem que demonstrar grandeza e sabedoria administrativa para dialogar e buscar solucionar o problema da residência, porque se sua gestão resolver esse problema concreto e urgente estará contemplando a juventude de Ipirá com uma realização de grande envergadura, que fará com que sua gestão assuma um propósito bem maior do que o irremediável e horroroso desastre que se anuncia se seu governo fechar os olhos para as reivindicações da juventude ipiraense. Sua gestão está no mais rigoroso isolamento com este governo do Estado, só lhe resta atender às reivindicações do povo de Ipirá. O resto é devaneio.

Eu percebi que todos os oradores, sem escapar uma única alma, foram indiferentes às reivindicações da juventude de Ipirá. A questão da residência foi negligenciada por todos eles. Ninguém fez a menor alusão às vozes e aos dizeres dos cartazes. Ninguém. Os de fora não conhecem os problemas de Ipirá, apesar do Secretário da Educação do Estado dizer que conhece Ipirá como a palma da mão. É tudo conversa mole.

O governador Rui ‘Corredeira’ mostrou uma grande preocupação para que o jovem de Ipirá faça o curso técnico da Escola do Couro para servir de mão-de-obra à provável, porque não é certo, nem garantido, desenvolvimento deste pólo coureiro. Quantas fábricas de sapato virão para Ipirá?

O governador Rui Costa assinou um ‘Termo de Responsabilidade’ e agora será cobrado pelo povo de Ipirá no referente à qualidade de ensino nessa escola. Não pode ser um ‘faz de conta’.

Uma parcela significativa da juventude de Ipirá tem interesse em fazer um curso superior e isso só pode ser feito ultrapassando os limites do município. Curso Superior público e de qualidade está cada vez mais distante em Ipirá, porque a bola da vez é um curso técnico e não é o IF Bahiano.

Ipirá não mudou nada de ontem para hoje, também, as coisas não acontecem da noite para o dia. O município de Ipirá continua o mesmo e com as mesmas necessidades e demandas.

Uma ambulância é bom, mas se as duas ambulâncias da SAMU não estivessem lacradas numa garagem seria bem melhor. Se Ipirá tivesse recebido uma Policlínica seria bem melhor do que a reforma meia-sola no Hospital de Ipirá (o governador cobrou a conta, ou seja, a prestação de contas na vista de todo mundo e o prefeito respondeu todo sem graça “já prestei conta”).

Seria bom que a saúde de Ipirá tomasse vergonha na cara e atendesse às necessidades e as demandas dos ipiraenses. Isso sim, porque senão, a população vai ficar o tempo todo batendo palma quando chega uma simples ambulância, mas que a vergonhosa ‘Regulação’ do governo do Estado não deixa essa ambulância comer asfalto.

Tem doze anos que começaram um projeto de saneamento básico na cidade de Ipirá; a conta foi de 42 milhões para 82 milhões de reais. Agora, o governador Rui Costa injeta mais 22 milhões de reais. Esse é um dos gargalos de Ipirá, pois a cidade encontra-se na ‘Era do Esgoto a Céu aberto’ em pleno séc. XXI.

 
 
Obrigado governador Rui ‘Correria’. Obrigado pela aula de princípios educacionais e cidadania. Pelas suas obras e rubricas nas Ordens de Serviço são desnecessários os agradecimentos, porque Ipirá necessita de muito e muito mais do que isso.

Uma coisa muito simples, prefeito Marcelo Brandão! Não coloque a forca no pescoço do morador da rua da Quadra, que disse que aquela ‘rua está malamanhada’ é esse o jeito dele falar, muitas vezes, ele aprende as coisas e fica repetindo como papagaio, mas no fundo ele está cheio de razão, mesmo sendo um indivíduo mais invisível do que a camisa do Vasco. Prefeito, não faça retaliação com a população de Ipirá, seria o maior equívoco de sua vida. Seria imperdoável.

A juventude de Ipirá e o jeito simples do cidadão da rua da Quadra estão em busca dos direitos de cidadania. Prefeito! Sua gestão até agora não disse para que veio e ninguém vive de promessas, atenda as reivindicações do povo de Ipirá, passe a marreta do 25 naquele muro da vergonha na rua da Quadra e coloque uma cobertura, com os lados abertos, igual a uma quadra que tem em Serra Preta. É isso que o povo de Ipirá procura entender e não compreende, se Serra Preta pode ter por que Ipirá não pode? A Casa do Estudante pede socorro. Ipirá pede socorro.


Por Agildo Barreto
 

 
 
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