Criança
deixa bilhete para avó com relato sobre abuso
sexual de padrasto: 'A mesma coisa que ele faz
com a mamãe,
ele faz comigo'
Caso
já foi registrado na Polícia Civil. Abusos aconteciam
desde quando a criança tinha 6 anos, disse o Conselho
Tutelar
06/10/2018
A
avó de uma criança de nove anos denunciou,
no Conselho Tutelar da Zona Leste de Manaus,
o padrasto da menina, suspeito de cometer
abuso sexual contra a neta durante três
anos. A denúncia aconteceu após a menina
entregar um bilhete pedindo para morar
com a avó e relatando os estupros. “A
mesma coisa que ele faz com a mamãe, também
faz comigo”, ela relatou no bilhete.
O boletim de ocorrência foi registrado
na segunda-feira (1) na Delegacia Especializada
em Proteção à Criança e ao Adolescente.
Segundo a conselheira tutelar Iolene Oliveria,
dias antes a avó apareceu na sede do Conselho
realizando a denúncia contra o padrasto.
“Foi a avó que, depois que recebeu o bilhete
da neta, veio aqui procurar ajuda porque
não sabia o que fazer. Ela mostrou o bilhete
pra gente, trouxe a criança e a menina
relatou que ele [padrasto] já fazia isso
desde quando ela tinha seis anos”, disse
a conselheira.
O suspeito é casado com a mãe da menina
desde que ela tinha três anos, segundo
a conselheira tutelar. “Ela até chama
ele de pai. Quando ela tinha seis anos
ele começou com os abusos mas ela nunca
teve coragem de falar, o último estupro
aconteceu quando eles estavam em Goiânia”,
relatou.
De acordo com Iolene, o padrasto levou
a família para passar cerca de seis meses
em Goiânia. Um dia, em um sítio, a criança
avisou a mãe que ia ajudar o padrasto
a guardar o gado e o homem teria aproveitado
a ocasião para estuprar a enteada.
O Conselho Tutelar afirmou que após o
episódio, a criança chegou a relatar o
estupro para a mãe, que não tomou nenhuma
medida. “Ela ficou sangrando, falou para
a mãe e a mãe não disse nada. Levou a
criança ao médico alegando que achava
que era infecção urinária e não falou
as outras coisas”, disse a conselheira.
Em
bilhete, menina pede para morar com a
avó pois o padrasto fazia com ela a mesma
coisa que fazia com a mãe — Foto: Arquivo
Pessoal
Após
voltarem de Goiânia, a família começou
a morar nos fundos da casa da avó da menina,
mãe do pai biológico dela. Durante esses
dois meses, nenhum outro episódio de estupro
aconteceu. Ao saber que a mãe e o padrasto
planejavam se mudar, ela escreveu o bilhete
pedindo para morar com a avó e relatando
os estupros.
"A avó chamou a mãe e perguntou,
mãe disse que ia entregar [a filha] pra
avó porque ela já estava contando mentiras,
e agora ela está morando com a avó há
cerca de uma semana”, disse Iolene.
O G1 entrou em contato com a delegada
Joyce Coelho, titular da Depca, que confirmou
o registro da ocorrência e disse que os
procedimentos iniciais já foram tomados.
“Foi pedido exame de conjunção carnal
e ela foi encaminhada para o Serviço de
Atendimento às Vítimas de Violência Sexual
(SAVVIS). A gente trabalha primeiro com
a saúde da criança, ela também vai passar
pela psicóloga e após isso a gente vai
iniciar as investigações”, afirmou a delegada.
A família deve, nos próximos dias, prestar
depoimento da Depca, e, a partir do resultado
dos exames e dos depoimentos recolhidos,
a polícia deve iniciar os procedimentos
cabíveis.
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