Bolsonaro
apoiou grupo de extermínio que cobrava
até R$ 100 para matar jovens na Bahia
14/10/2018
O
candidato à Presidência da República,
Jair Bolsonaro (PSL), deu apoio, quando
era deputado federal, a um grupo de extermínio
que cobrava de R$ 50 a R$ 100 para matar
jovens na Bahia.
De acordo com reportagem feita Agência
Sportlight de Jornalismo e publicada no
site Congresso em Foco, conhecido pela
cobertura dos bastidores de Congresso
Nacional, o presidenciável foi ao microfone
do plenário da Câmara em 12 de agosto
de 2003 e fez uma defesa veemente dos
crimes de extermínio. Chegou a dizer que
essa seria uma solução para a política
de segurança a ser adotada no Rio de Janeiro.
“Quero dizer aos companheiros da Bahia
— há pouco ouvi um parlamentar criticar
os grupos de extermínio — que enquanto
o Estado não tiver coragem de adotar a
pena de morte, o crime de extermínio,
no meu entender, será muito bem-vindo.
Se não houver espaço para ele na Bahia,
pode ir para o Rio de Janeiro. Se depender
de mim, terão todo o meu apoio, porque
no meu estado só as pessoas inocentes
são dizimadas. Na Bahia, pelas informações
que tenho — lógico que são grupos ilegais
—, a marginalidade tem decrescido. Meus
parabéns!”, mostra um documento da Câmara,
com a transcrição do discurso de Bolsonaro.
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No
entanto, investigações feitas por uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
aberta na época pela Assembleia Legislativa
da Bahia (AL-BA) mostraram que o extermínio
havia se tornado um grande negócio para
os grupos. Em Juazeiro, interior do estado,
as mortes eram encomendadas muitas vezes
por comerciantes. Valores entre R$ 50
e R$ 100 pagavam um assassino de aluguel
desses grupos.
Os dados da CPI ainda revelaram uma escalada
no número de assassinatos entre os anos
de 2000 e 2002. Em 2000, 146 mortes registradas
em ações de grupos de extermínio somente
em Salvador. A maioria absoluta dos crimes
foi cometida contra jovens negros e favelados.
No ano seguinte, o número cresceu para
321 assassinados por esses esquadrões
da morte. Em 2002, 302 assassinatos.
Autor do estudo "Entre o vigilantismo
e o empreendedorismo violento" para
mestrado em Ciências Sociais na Universidade
Federal da Bahia (UFBA), com recorte nesses
grupos que agiram na Bahia naqueles anos,
o advogado Bruno Teixeira Bahia relatou
as características de tais ações e grupos.
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“Eram
compostos, em sua maioria, por policiais
e ex-policiais civis e militares, ressaltando,
ainda, que em quase todos os casos as
vítimas eram jovens, negros e pobres,
com idade entre 14 e 26 anos e sem passagem
pela polícia”, está na peça.
Ainda segundo o estudo, os assassinatos
destacados como política de segurança
por Bolsonaro em sua maioria eram precedidos
de tortura. “As vítimas, em geral, são
encontradas com marcas de tiros em pontos
vitais, geralmente na cabeça, nuca e ouvido.
Além dos disparos, também eram levadas
em consideração outras marcas deixadas
nos corpos das vítimas, como mãos amarradas,
sinais de tortura, tais como unhas e dentes
arrancados, hematomas por todo o corpo
e, às vezes, o ateamento de fogo ao cadáver.”
Ouça abaixo o áudio com a declaração do
presidenciável:
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