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Foto:
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Obrigatoriedade do Exame da OAB pode estar com
os dias contados |
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31/03/2019
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O
governo deve anunciar nos próximos dias
uma medida que põe fim na exigência do
Exame de Ordem para Bacharéis em Direito.
O site Justiça Em Foco apurou a veracidade
da informação e de acordo com interlocutores
do Palácio do Planalto, será apresentado
ao presidente Jair Bolsonaro o documento
que que insere os profissionais de Direito
no mercado de trabalho, atualmente impedidos
de exercerem a advocacia por conta da
prova da OAB. O documento deve ser divulgado
logo após o retorno do presidente da viagem
à Israel, na próxima quarta-feira (03).
Atualmente a prova, aplicada pelo Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), é exigência fundamental para bacharéis
exercerem a advocacia. Caso a medida seja
concretizada, Bolsonaro cumpre uma de
suas promessas de campanha. Em contrapartida,
cria instabilidade harmônica com a OAB
Federal e suas Seccionais. Alguns representantes
da OAB já se manifestaram em entrevista
ao Justiça Em Foco serem contrários a
retirada da obrigatoriedade do Exame da
Ordem.
Todavia, a atuação da OAB na atualidade
é sinal de questionamento para diversos
setores da sociedade civil. De acordo
com o Decreto Nº 11 em seu Anexo IV, emitido
em 18 de janeiro de 1991, a OAB desde
essa data deixa de integrar “a Administração
Pública brasileira”. Ou seja, “desde então
a norma declara o atestado de óbito da
entidade pública OAB”, informa interlocutores.
Ao justificar à medida que extingue a
obrigatoriedade do Exame, fontes argumentam
que o governo tem autonomia disponível
no Artigo Nº 84, inciso IV da Constituição
Federal. A norma diz que “compete privativamente
ao Presidente da República sancionar,
promulgar e fazer publicar as leis, bem
como expedir decretos e regulamentos para
sua fiel execução”, diz o dispositivo
constitucional. Segundo as informações
repassadas ao Justiça Em Foco, a norma
presidencial deve ressaltar ainda que
“todos os atos praticados por provimento
pelos Presidentes da OAB a partir de 1991
devem se declarar nulos”.
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Existência
da OAB
A Ordem dos Advogados do Brasil foi criada
por meio de Decreto Presidencial (Nº 19.408
de 1930), sendo inserida no Ministério
da Justiça. Com base nessa norma foi criada
no ano de 1963 uma legislação (Nº 4.215/63)
que em seu Artigo 1º ressaltou a criação
e a atuação da OAB. No entanto, com a
reformulação da Estrutura Regimental do
Ministério da Justiça, em 1991, a OAB
foi retirada das atribuições do Ministério
da Justiça, deixando de ser “uma autarquia
do Estado”, explica defensores da retirada
da exigência do Exame da Ordem para bacharéis
em Direito.
Ao entrar em vigor o Estatuto da Advocacia,
com a lei Nº 8906/1994, foi definido também
a organização administrativa da OAB. No
Artigo Nº 44, inciso segundo, parágrafo
primeiro ressalta que “a OAB não mantém
com órgão da Administração Pública qualquer
vínculo funcional hierárquico”. Com base
nesse tópico, aliados de Bolsonaro ressaltam
que o Conselho Federal da OAB não tem
direito de controlar o acesso de bacharéis
ao mercado de trabalho.
Repercussão
Desde o início do ano o Justiça Em Foco
vem realizando entrevistas com presidentes
das Seccionais da OAB sobre a possibilidade
de extinção do Exame da Ordem. Veja abaixo
o que alguns responderam.
O presidente da OAB no DF, Délio Lins,
ressaltou que qualquer atitude em coibir
a prova da OAB é perigosa. “Qualquer iniciativa
contrária ao Exame de ordem é avaliada
pela OAB como negativa e perigosa, seja
pelo presidente Jair Bolsonaro ou por
outra autoridade. Toda a Ordem, incluindo
as seccionais, vai ter uma atitude no
sentido de coibir qualquer ato nesse sentido”,
defendeu.
Representando a Seccional de Mato Grosso,
Leonardo Campos, acredita que o Exame
filtra os melhores profissionais para
atuar na advocacia. “O Exame da OAB e
os exames de proficiência, de uma forma
geral, são uma garantia mínima de se colocar
à disposição da sociedade um profissional
com capacidade técnica para atender à
sua demanda, em especial, na advocacia”,
disse.
O representante da Seccional da Bahia,
Fabrício de Castro, chegou a dizer que
a prova traz qualificação para todo o
ramo do Direito. “O Exame de Ordem é fundamental
para garantir o exercício da advocacia
com qualidade. Em virtude de uma política
equivocada do governo federal, de todos
os governos de FHC para cá, foram abertos
diversos cursos de direito, que, efetivamente,
não têm condições de oferecer boa qualidade
de ensino”, avaliou.
Ao defender a manutenção do Exame, o paranaense
Cássio Telles destacou que uma das responsabilidades
do advogado é zelar por direitos individuais.
“O advogado tem a responsabilidade de
zelar pelos maiores bens de uma pessoa
– sua vida, sua honra e sua liberdade.
Portanto, é imprescindível, que a OAB
não apenas siga com o Exame de Ordem,
mas que o aprimore para que cada advogado
brasileiro possa bem cumprir sua missão
de defender seus representados”, pontuou.
O paulista Caio Augusto relatou que o
Exame de Ordem insere os melhores profissionais
no mercado. “O Exame de Ordem é um filtro
para que, somente aqueles que demonstrem
efetivamente terem conhecimento possam
estar ao lado do cidadão no exercício
da defesa dos seus direitos. De nada adiantaria
a legislação favorável a previsão de direitos,
se nós não tivéssemos a oportunidade de
defender esses direitos e ao advogado
é atribuída tal missão”, opinou.
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Infração
a nível internacional
Em setembro de 2018 foi protocolado junto
a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, em Washington, um documento que
denuncia o Brasil por crime contra a humanidade
e contra os bacharéis em Direito. A ação,
realizada pela Associação Nacional dos
Bacharéis (ANB), alega que “o governo
brasileiro é conivente e partícipe do
crime por obrigar pessoas a fazerem prova
para exercer uma profissão”, diz o documento.
De acordo com a ANB a atuação da OAB em
exigir o Exame para o exercício da advocacia
fere o Pacto de San José da Costa Rica
e o Protocolo de San Salvador. Além disso,
o documento aponta que a conduta do Conselho
Federal fere “diversos tratados internacionais
que ressaltam a livre vocação trabalhista”,
diz um trecho do processo. Atualmente,
mais de 460 mil bacharéis em Direito não
estão inscritos e fora do mercado de trabalho,
segundo dados da ANB.
Fonte:
www.justicaemfoco.com.br |
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