Qual
a razão de uma paixão? Por que nos apaixonamos
por esta e não por aquela pessoa? O que
move o desejo de estar com o outro? O
que fundamenta? O que explica? Quando
somos rejeitados e, por vezes, "trocados"
por outra pessoa, a primeira coisa que
fazemos é o balanço entre nós e o objeto
da paixão daquele que desejamos.
Pensamos nas diferenças grandiosas e nos
meros e sutis detalhes. Colocamos na balança:
o gosto musical, a bagagem literária,
a idade, o saldo bancário, a influência
social, a localização que se encontra,
a (possível) performance sexual, a medida
da calça, o brilho do cabelo, a simetria
dos dentes, a combinação dos signos e
a influência das religiões, crenças, ideologias
políticas e astros. |
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Pensamos
nos amigos, objetivos e gostos comuns,
nas afinidades, nas facilidades, nas possíveis
e certeiras possibilidades. Analisamos
tudo! Não deixamos escapar nada. Passado,
presente e futuro é, sofridamente, esmiuçado
em busca do porquê. A razão pela qual
se apaixonou, a razão pela qual ele não
se apaixonou e, sabendo que ele não é
incapaz de amar, a razão pela qual se
apaixonou por outra e não por você.
Não é fácil aceitar que a reciprocidade
falhou e que toda a sua energia foi rejeitada.
Dói pensar que alguém fez florescer no
campo que você insistia em regar com o
que tinha de melhor. A gente se culpa,
culpa o outro, culpa a outra, culpa o
universo, culpa os deuses, culpa a sorte.
Afinal de contas, o que move a paixão?
Por que desejamos e nos entregamos a pensamentos
malucos por essa pessoa (que é redondamente
improvável), e não conseguimos dar um
passo adiante com aquela que se encaixa
perfeitamente no modelo ideal que tanto
buscamos nas redes, nas ruas, nos bares
e nos sonhos? Não há explicação.
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Pode
ter sido a fragilidade ou a força. O sorriso
tímido ou a gargalhada escandalosa. O
cabelo alinhado ou os fios desgrenhados.
A forma sensual que dança ou a maneira
desajeitada que tenta. A pressa ou a calma.
O olhar que se demora no flerte ou o olhar
acanhado que não sustenta o contato. Repito
(e faço isso muitas vezes até que possa
me convencer) que não há explicação para
a questão.
Pode ser a maneira como toca ou o suspiro
que dá quando é tocado. Talvez a forma
como acende o cigarro. O sorriso que dá
quando fica sem graça. Pode ser o entusiasmo
quando fala do seu trabalho ou a serenidade
que tem pra conduzir a conversa, a vida.
Pode ser aquela pinta, aquela cicatriz,
aquela tatuagem. Pode ser o nariz, as
costas, as rugas, as marcas. Pode ser
as afinidades. As diferenças. A distância.
A proximidade. Pode ser o desejo consciente
do querer e ao mesmo tempo pode ser a
tentativa insana de se afastar.
O encontro de duas almas, que se encantam
por infinitas possibilidades e nenhuma
razão, chamo de eclipse: acontecimento
raro, mágico e preciso.
Por que nos apaixonamos? Penso que há
mil explicações e nenhuma razão.
Fonte:
Obvious, por Luana Peres
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"IPIRÁ
NEGÓCIOS dá Existência Pública aos Eventos
e as Notícias Acontecem" |
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