A imagem mostra
uma paciente idosa jogada na calçada, na chuva e frio
intenso | Reprodução/Wave3
Hospitais
dos EUA são acusados de largar pacientes pobres
nas calçadas
A
rede de TV Wave3 investigou e denunciou a prática
proibida por lei desde 1986 no país.
05/08/2023
(iG)
- Imagens de pacientes largados em calçadas
das ruas de Louisville, no Kentucky, chocaram
e causaram revolta, repercutindo internacionalmente
quando moradores da região denunciaram casos
a jornalistas da rede televisiva Wave, afiliada
da NBC.
Com um sistema de saúde privado e muito caro,
muitos pacientes nos Estados Unidos não conseguem
pagaras despesas médicas e, por isso, alguns
deles estão sendo expulsos das unidades hospitalares.
A prática é chamada de "patient dumping",
ou "despejo de paciente".
A cena é sempre a mesma: seguranças do hospital
acompanham - ou carregando a força - pessoas
doentes que não têm como pagar o tratamento,
e as abandonam do lado de fora do hospital.
A prática é comum também contra pessoas em situação
de rua, que além de não terem dinheiro são acusadas
de pedirem assistência e não cuidado médico
nos hospitais e, sob esta alegação, acabam expulsas.
O número de pessoas sujeitas
a serem vítimas dessa prática é enorme, visto
que em 2021, dados mostravam que 27 milhões
de estadunidenses (ou cerca de 8,3% da populaçã)
não tinham plano de saúde ou qualquer garantia
de acesso à saúde.
O departamento de habitação
do Governo Federal dos EUA apontou, em 2022,
que 582 mil pessoas vivem em situação de rua
no país, e que 30% delas são crianças.
Até então, pelo menos dois processos de pessoas
que foram jogadas nas calçadas por hospitais
resultaram em indenizações com valor superior
a 1 milhão de dólares. Em um deles, o paciente
veio a óbito.
Uma lei federal aprovada em 1986 proíbe o despejo
de pacientes nas ruas dos Estados Unidos. Segundo
a legislação em vigor, o paciente que procura
socorro deve passar por um “exame apropriado"
feito por um médico ou pessoa qualificada a
verificar se há uma emergência médica.
Havendo,
o paciente deve ser estabilizado e tratado conforme
os recursos da unidade. A lei autoriza transferências,
mas somente para uma unidade com os mesmos recursos.
A primeira denúncia relatada à emissora partiu
de uma pessoa que trabalhava no Hospital Universitário
de Louisville, que se dizia “horrorizada” ao
ver seguranças da unidade de atendimento levarem
uma idosa para o lado de fora numa cadeira de
rodas e abandonando-a na calçada.
Ainda com roupas hospitalares, a senhora respirava
com dificuldade e tendo somente um cobertor
sobre a cabeça para se proteger de um frio de
0ºC, enquanto seus pertences foram postos numa
sacola e deixados ao lado dela na rua. A situação
foi filmada e viralizou nas redes sociais.
A funcionária alegou que via cenas como essa
frequentemente, o que levou a imprensa a investigar.
Então, no dia 16 de dezembro de 2022, num frio
de 2 graus, a TV gravou três seguranças cercando
uma mulher que estava com um andador e escoltando
a paciente para fora da área de emergência.
Depois do "despejo", o repórter abordou
a paciente, que era moradora de rua, diabética
e tinha doenças pulmonares. Eles tiveram o seguinte
diálogo:
— Eles me disseram que eu não poderia ficar
lá.
— Você era paciente?
— Eu precisava ser paciente, porque estou doente.
— Então por que não te trataram?
— O médico falou comigo por um minuto. Ele disse
que eu deveria ir embora.
— Por que razão?
— Ele não me deu uma justificativa.
A reportagem contou também a história de um
paciente cuja família ouviu do hospital Norton
Healthcare que ele seria levado para um abrigo
da cidade. Por falta de vagas, o paciente identificado
como Matthew Hauber foi “despejado” pelo hospital
no dia seguinte, debaixo de chuva. "Despejaram
o meu filho como lixo", disse Linda Hauber,
mãe de Matthew, antes de morrer.
Em nota, o Norton Healthcare disse que não comentaria
o caso de Matthew por “respeito à privacidade
do paciente”. Já o University Hospital afirmou
que as imagens dos três seguranças escoltando
a mulher para fora da unidade não davam “detalhes
suficientes para apurar se a conduta dos funcionários
foi correta”.
"O que às vezes parte o coração de alguns
funcionários são situações em que os pacientes
precisam de um suporte que vai além dos cuidados
médicos, em especial para aquelas que não têm
um lar. Os recursos são limitados e, mesmo quando
estão disponíveis, alguns indivíduos recusam
ajuda", disse o hospital em nota. Fonte:
ultimosegundo.ig.com.br, por Lara Torres
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de Lousville, nos Estados Unidos, onde todo
o sistema de saúde é privatizado, expulsando
pacientes e os deixando no meio da rua.
O médico dr. Marcos Caseiro comentou no programa
Fórum Onze e Meia a indignidade com que são
tratados pacientes em um país do chamado “primeiro
mundo” e lamentou a falta de sensibilidade de
pessoas que se manifestaram a favor dessa prática
de “despejo de pacientes”. Ele ainda aproveitou
para destacar a importância do SUS no Brasil.
Fonte: TV Forum
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