"O árbitro Margarida faz a festa nos estádios"
 
   
FORMAÇÃO DE NOVOS ÁRBITROS DE FUTEBOL.
 
                 Manoel Hito
 
15-01-08
 
      Com o apoio da prefeitura municipal, a Liga Desportiva Ipirá, estará promovendo de 18 a 20, próximo final de semana, um curso para formação de novos árbitros e reciclagem dos que já atua no futebol de Ipirá. As inscrições já estão abertas e deverão ser feitas até a próxima quinta-feira e só são cinqüentas vagas. As inscrições são totalmente grátis, já que o presidente da Liga, Luis Poró espera contar com a parceria do prefeito Diomário Sá, em assumir todas as despesas com hospedagem e viagem do árbitro que estará sendo enviado pela Federação Baiana de Futebol, além de todo material necessário para o curso.
     
       Para o campeonato municipal de futebol de Ipirá, com início previsto para o dia 16 de fevereiro, só estarão aptos a atuar, os árbitros que participarem deste curso e forem aprovados nos testes de conhecimentos das regras e físico.
 
   
“Fique de olho no apito”
 
Arbitragem de futebol brasileira revela curiosidades. O salário é alto, mas a profissão não é reconhecida. Folclórico Margarida dá show.
 
   
O futebol é o esporte mais praticado e admirado em todo o mundo e, com isso, se torna o mais visado, dando maior responsabilidade a quem o utiliza como profissão. Uma das peças mais importantes e com maior responsabilidade é o árbitro de futebol. Diferentemente dos jogadores, o árbitro não é um profissional reconhecido pelo Ministério do Trabalho, e muitos dizem que apitar uma partida é apenas um hobby. Vários árbitros possuem outro emprego quando estão fora das “quatro linhas”. Muitas vezes a profissão escolhida por eles é a de professor de Educação Física.

Os torcedores apenas criticam, e já virou até mania, principalmente entre os brasileiros, questionar a marcação feita pelo árbitro durante uma partida. Mas poucos conhecem a vida, as dificuldades, e as etapas pelas quais precisa passar um árbitro para chegar ao auge da carreira.

Tudo começa aos 16 anos, quando o adolescente interessado tem a oportunidade de fazer um curso para, quem sabe um dia, ter o poder máximo num jogo de futebol, como conta o atual árbitro da Federação Paulista de Futebol (FPF) e ex-árbitro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Otávio Corrêa da Silva. “A idade mínima para fazer o curso, que tem duração de nove meses, é 16 anos. Após a conclusão, você passa por um estágio, apitando campeonatos promovidos pela Federação com garotos que tem as idades mínimas de 15 e dezessete anos. Feito um ano de estágio, o árbitro recebe um diploma, e se tiver aptidão, vai se consagrando e apitando campeonatos com níveis mais elevados, como a quarta divisão, a terceira, e assim sucessivamente”. O teste físico também é realizado. Um deles é um tiro curto de velocidade, quando o árbitro deve correr 50 metros em 7,5 segundos; ou 200 metros em 32 segundos.

E não são apenas os torcedores que ficam “com os olhos bem abertos” nas marcações desses juízes. Existe em todas as Federações e Confederações uma comissão de arbitragem que julga o comportamento desse profissional, e isso pode tirá-lo da atividade caso o trabalho realizado não agrade esta comissão. “Já passei por todas as divisões de campeonatos que existem em São Paulo. Tive um bom momento no ano de 2001, quando fui chamado para ser um árbitro da CBF, ficando até o ano de 2003. Já passei também por maus momentos, mesmo assim não desisti, e vou continuar apitando futebol”, relata Otávio.
Se a profissão não é reconhecida junto ao Ministério do Trabalho, o salário compensa. Dependendo do campeonato, um profissional do apito pode ganhar até R$ 3 mil em menos de sete dias, como comenta Otávio. “O campeonato estadual mais bem pago é o paulista. Os preços, além de serem tabelados, são os mesmos de um Campeonato Brasileiro. Caso trabalhe em um jogo de primeira divisão, o salário, apenas para aquele jogo, é de R$ 1,5 mil”.

As mulheres também estão conquistando seu espaço. As juízas começaram a aparecer no futebol masculino e, no ano passado, um trio fez sucesso. Sílvia Regina de Oliveira, Ana Paula de Oliveira e Aline Lambert, se tornaram o primeiro trio feminino a arbitrar um jogo de Campeonato Brasileiro, na vitória do São Paulo sobre o Guarani por 1 a 0, no dia 30 de junho de 2003. De lá pra cá, aumentou o número de mulheres interessadas nesta profissão. Neste ano, 30 mulheres foram pré-selecionadas para um curso na FPF.

Muitos usam esta profissão para realizar shows com a imagem do árbitro. Quem não se lembra do polêmico Margarida, o árbitro carioca Jorge Emiliano, que dava o que falar dentro e fora dos campos? Pois o Margarida fez escola, e hoje, Clésio Moreira dos Santos, representante comercial de uma confecção em Santa Catarina, se veste com seu uniforme e chuteiras cor-de-rosa e entra no campo para comandar a partida. Clésio é árbitro pela Federação Catarinense de Futebol e pela CBF. Mas não se trata de um juiz comum. Aos 44 anos e com 15 de apito, Margarida utiliza vários trejeitos quando está em campo. Dois deles são famosos: o “passo da gazela” e os cartões. Na hora de punir um atleta, ele arqueia as costas para trás e tira com vigor um dos cartões do bolso.

A figura do Margarida não é bem vista pelos outros árbitros, mas Clésio dá o seu show, apitando amistosos, futebol de areia, entre outros. Já em campeonatos oficiais, Margarida foi proibido pela diretoria da Federação de exagerar na caricatura.

Devido a tanta repercussão, Clésio Moreira criou seu site particular (www.clesiomoreira.com), e nele, além de várias fotos com personalidades, Margarida divulga seu trabalho, e aproveita para deixar o seu contato para shows.