O PSDB reagiu com indignação ao movimento
de aliados do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em favor do terceiro mandato e ameaça
suspender as negociações em torno da
prorrogação da Contribuição
Provisória sobre Movimentação
Financeira (CPMF), que estão em curso com o
ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Ou isso
é desmentido categoricamente ou está
anulada qualquer iniciativa de discutir CPMF",
afirmou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio
(AM).
Posição
semelhante foi manifestada pelo senador Sérgio
Guerra (PSDB-PE) que, em novembro, deve assumir
a presidência do partido. "Esse chavismo
já começa a prejudicar a relação
e a convivência de forças políticas
que até ontem negociavam de forma equilibrada
a CPMF", disse o senador, em alusão
às manobras de perpetuação
no poder do presidente venezuelano Hugo Chávez.
Os dois senadores participaram ontem de almoço
que Mantega ofereceu ao PSDB para abrir as negociações
sobre a emenda constitucional da CPMF.
"Brincadeira
tem hora. Fomos lá para conversar seriamente
e não para pagodear no gabinete do ministro",
ressaltou Virgílio. O movimento na Câmara
é de aliados de Lula, especialmente o deputado
Devanir Ribeiro (PT-SP). A idéia do deputado
petista é estimular a realização
de um plebiscito em 2008, juntamente com as eleições
municipais, para que o povo se manifeste sobre um
terceiro mandato, aproveitando a popularidade de
Lula.
"É
preocupante esta iniciativa que tem origem no partido
de Lula, o PT, e em seus amigos", destacou
Sérgio Guerra numa referência a Devanir.
Além do petista, o deputado Carlos Willian
(PTC-MG) está consultando seus colegas sobre
a possibilidade de coletar assinaturas para uma
emenda constitucional estabelecendo o terceiro mandato.
"Eu sempre desconfiei que esse pessoal não
deseja entregar o governo de jeito nenhum",
completou Sérgio Guerra, lembrando o dossiê
contra os tucanos na campanha passada. "É
bom lembrar que até hoje ninguém sabe
de onde veio aquele dinheiro apreendido na véspera
da eleição de 2006".