Os 14 municípios da Bacia do Jacuípe
pretendem investir R$ 2,3 milhões para o
fortalecimento da cultura nos próximos dois
anos. A idéia é que cada município
aplique cerca de R$ 83 mil por ano a partir de quatro
prioridades: a realização de semanas
culturais, projetos de arte-educação,
capacitação de gestores culturais
e comunicadores. As ações integram
o primeiro Plano Territorial de Cultura construído
em conjunto pelos 14 municípios da Bacia
do Jacuípe. A iniciativa é fruto da
organização do território e
de debates promovidos pela II Conferência
Estadual de Cultura, realizada em outubro do ano
passado.
A
Bacia do Jacuípe é formada pelos
municípios de Baixa Grande, Capela do Alto
Alegre, Gavião, Ipirá, Mairi, Nova
Fátima, Pé de Serra, Pintadas, Quixabeira,
Riachão do Jacuípe, São José
do Jacuípe, Serra Preta, Várzea
da Roça e Várzea do Poço.
A proposta do Plano foi apresentada pelo diretor
da Companhia de Artes Cênicas Reluz da cidade
de Pintadas, Vandelson Gonçalves, em encontro
que reuniu, no município de Ipirá,s
artistas, representantes de entidades culturais,
gestores municipais e o secretário estadual
de Cultura, Márcio Meirelles.
Para
o prefeito de Pintadas, Valcyr Rios, o pioneirismo
da Bacia de Jacuípe na construção
do Plano Territorial de Cultura deve-se, principalmente,
à organização da sociedade
civil que, desde 2005, conta com um Grupo de Trabalho
(GT) na área da cultura, ligado ao Conselho
Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável
da Bacia do Jacuípe. Segundo ele, há
seis anos, o município promove a Semana
de Cultura de Pintadas, que inclui em sua programação
um fórum de debates sobre as políticas
públicas para a cultura. “Estamos
dando o pontapé que faltava para impulsionar
a cultura no nosso território”, disse.
O
secretário de Cultura da Bahia, Márcio
Meirelles, elogiou o território pela construção
do Plano e explicou que parte das ações
pode ser tocada com recursos do Fundo Estadual
de Cultura. “O Plano foi elaborado com propriedade
e essas ações serão importantes
para fortalecer a cultura na Bacia do Jacuípe”,
ressaltou, lembrando que muitas das propostas
do Plano Territorial também estão
contempladas no planejamento da Secretaria de
Cultura da Bahia (Secult).
“A
possibilidade de acessar o Fundo Estadual de Cultura
vai permitir a dinamização das ações
que hoje são realizadas com muito esforço,
na base da militância cultural”, afirmou
o prefeito de Pintadas, que destacou a iniciativa
pioneira da Secult no diálogo com os territórios
de identidade da Bahia.
A
Bacia do Jacuípe foi o primeiro território
a aderir em bloco ao Sistema Estadual de Cultura.
Isso significa que os municípios assumiram
compromissos como a criação de órgãos
específicos de cultura, de conselhos, fundos
e planos municipais de cultura.
Nova
dinâmica
Um
bom exemplo da importância que a cultura
vem assumindo nos municípios pode ser vista
em Ipirá, onde várias obras estão
sendo executadas pelo poder municipal com o objetivo
de dinamizar a área cultural. Segundo o
prefeito do município, Antônio Diomário,
por meio de um convênio com o Ministério
do Turismo e a Caixa Econômica Federal,
a Praça José Leão dos Santos
está sendo reformada, num investimento
de R$ 875 mil com contrapartida de R$ 200 mil
da Prefeitura. A Praça vai abrigar um teatro
com 300 cadeiras móveis, biblioteca, arquivo
público, espaço para eventos e um
mercado de artes.
“A
cultura está inserida na maneira de sentir
e pensar do nosso povo. Ipirá era muito
carente de espaços e equipamentos para
alavancar o desenvolvimento da cultura e resgatar
sua memória”, afirmou. O antigo cinema
da cidade também está sendo reformado
depois de ter sido adquirido pela Prefeitura.
A reinauguração será no final
de março.
A
diretora de Cultura de Ipirá e representante
da Bacia do Jacuípe no Fórum de
Dirigentes Municipais de Cultura, Normelita Oliveira,
garante que os prefeitos do território
começaram a dar maior importância
à cultura e os artistas estão mais
mobilizados. “Os departamentos de cultura
estão sendo estruturados e há um
novo olhar sobre a cultura”, disse.
A
secretária de Educação e
Cultura de Baixa Grande, Joanita de Sena, concorda
que houve uma valorização das manifestações
locais após os encontros municipais e territoriais
de Cultura, promovidos pela Secult, no ano passado.
“Vários talentos que estavam escondidos
desabrocharam nas áreas da música,
da dança e da capoeira”, destacou.
“Há uma expectativa nova e a vontade
de fazer mais”, garante.