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02/08/2022 |
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Professora
de jardim de infância no estado de Ohio, a americana
Mandi já havia feito tudo que estava ao seu alcance
para proteger sua turma de um atirador. Mas, depois
que 19 crianças e duas professoras foram mortas
na cidade de Uvalde, no Texas, ela sentiu um desespero
crescente.
— Nós nos sentimos impotentes. Não é o suficiente
— diz. Ela decidiu que precisava de algo mais
poderoso: uma pistola 9mm. Então, Mandi se inscreveu
em um curso que a permitiria levar uma arma consigo
para a escola. Como outros nesta reportagem, ela
pediu para ser identificada apenas pelo primeiro
nome, para não violar normas locais que restringem
a divulgação de informações sobre professores
que levam armamentos para as escolas.
Dez anos atrás era extremamente raro que funcionários
de escolas carregassem armas. Hoje em dia, após
uma aparente série infindável de massacres, a
estratégia se tornou a principal solução defendida
por Republicanos e defensores dos direitos às
armas. Para eles, professores, diretores e superintendentes
armados dão às escolas a chance de revidarem em
caso de ataque.
Cerca de 29 estados permitem indivíduos que não
sejam policiais ou agentes de segurança carreguem
armas para dentro de escolas, segundo um levantamento
da Conferência Nacional de Legislaturas Estaduais.
Em 2018, dados federais indicavam que 2,6% das
escolas públicas do país tinham docentes armados.
É provável que esse número tenha aumentado.
Na Flórida, mais de 1.300 funcionários de escolas
atuam como guardiões armados em 45 distritos escolares,
dos 74 do estado, segundo autoridades locais.
O programa foi criado depois que um atirador matou
17 pessoas na Marjory Stoneman Douglas High School
em Parkland, Flórida, em 2018.
No Texas, pelo menos 402 distritos escolares —
cerca de um terço no estado — participam de um
programa que permite que pessoas designadas, incluindo
funcionários da escola, andem armadas, de acordo
com a Associação de Conselhos Escolares do Texas.
Outro programa, que requer mais treinamento, é
usado por um número menor de distritos. A participação
em ambos é alta desde 2018.
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E
nas semanas após o tiroteio em Uvalde, os legisladores
de Ohio tornaram mais fácil para professores e
outros funcionários da escola portarem armamentos.
A estratégia é fortemente combatida por democratas,
grupos policiais, sindicatos de professores e
defensores do controle de armas, que dizem que
os programas de porte oculto nas escolas – longe
de resolver o problema – só criarão mais riscos.
Pesquisas anteriores mostraram que a grande maioria
dos professores não quer estar armada.
A lei em Ohio tem sido especialmente controversa
porque não exige mais de 24 horas de treinamento,
além de oito horas de recertificação anual. Em
comparação, os policiais do estado passam por
mais de 700 horas de treinamento. E os oficiais
de recursos escolares – policiais designados aos
campi – devem completar 40 horas adicionais.
— Isso, para nós, é simplesmente ultrajante —
diz Michael Weinman, diretor de assuntos governamentais
da Ordem Fraterna de Polícia de Ohio, maior organização
policial do estado.
Estudos sobre funcionários de escolas portando
armas têm sido limitados, e as pesquisas até agora
encontraram poucas evidências de sua eficácia.
No entanto, armar os funcionários das escolas
está sendo uma ideia atraente para uma pequena
maioria entre pais e adultos, segundo pesquisas
recentes.
Dos cinco tiroteios em escolas mais mortais já
registrados, quatro – em Newtown, Connecticut,
Uvalde, Texas, Parkland, Flórida e Santa Fé, Texas
– aconteceram nos últimos 10 anos. Foi o temor
que isso voltasse a acontecer que levou Mandi
e outros a buscarem treinamento.
Os educadores vieram de Ohio e de Oklahoma para
um curso de 26 horas do FASTER Saves Lives, um
programa treinamento de armas para funcionários
de escolas. É administrado pela Buckeye Firearms
Foundation, que trabalha ao lado de um grande
grupo de lobby de armas em Ohio. O grupo de lobby,
a Buckeye Firearms Association, apoiou a nova
lei estadual para funcionários de escolas.
Na última década, a fundação estima que gastou
mais de US$ 1 milhão treinando pelo menos 2.600
educadores. A filosofia deles é que salvar vidas
durante os tiroteios nas escolas é uma questão
de velocidade e que as escolas não podem esperar
pela polícia.
Os distritos escolares normalmente exigem anonimato
como estratégia tática e de segurança, para que
os atiradores não possam planejar em torno de
funcionários armados. Embora a comunidade escolar
possa saber que alguém no campus tem uma arma,
funcionários e pais não saberão quem.
— Esta é uma maneira muito reativa de pensar sobre
a prevenção da violência armada — diz Sonali Rajan,
professora associada da Columbia University, que
estuda violência armada em escolas.
Atiradores de escola são muitas vezes adolescentes
em crise suicida. Para interceptá-los com antecedência,
os especialistas recomendam apoio à saúde mental,
sistemas para identificar crianças que podem se
tornar ameaças e leis mais rígidas sobre armas,
incluindo mandatos sobre armazenamento seguro.
— Se agentes de segurança não puderam impedir
esses massacres, o que o faz pensar que um professor
mal treinado ou outro funcionário da escola seria
capaz? — diz Scott DiMauro, presidente da Ohio
Education Association. |
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Aulas
de tiro são dados por organização que ligada ao
lobby das armas — Foto: Maddie McGarvey/The New
York Times |
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Fonte:
O Globo |
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