Justiça
seja feita: cadeia para Bolsonaro e sua família | Foto:
Mauro Pimentel (AFP)
Derrotado, Bolsonaro tenta livrar
ele próprio e família da cadeia
06/11/2022
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(Jornalistas
Livres) - Bem que Bolsonaro tentou. Usou dinheiro
público a rodo como nunca antes aconteceu no
país. Pisoteou a Constituição, código penal,
judiciário e o que mais fosse para ganhar as
eleições.
Acionou a Polícia Rodoviária para impedir brasileiros
de votar. Após os resultados, sua gang orquestrou
caminhoneiros para bloquear estradas em nome
de uma intervenção militar.
Nada adiantou. Bolsonaro é mais do que um “pato
manco” (lame duck), como os americanos designam
mandatários derrotados à espera de entregar
o poder. É uma criatura lançada aos rigores
da lei sem direito a foro privilegiado e outros
benefícios a que bandidos públicos recorrem
para delinquir, assediar, roubar e até matar.
A verdade dos fatos falou mais alto. Lula teve
uma votação histórica contra uma máquina mortífera.
Lula, sempre ele. Nunca um político foi tão
perseguido e humilhado de todas as formas. Teve
a casa invadida, colchões e gavetas revirados
por agentes da polícia federal atrás de dólares
que nunca existiram.
Tudo diante da mulher e dos filhos. Ficou 580
dias encarcerado sem culpa (quem vai pagar por
isso?) para impedi-lo de concorrer às eleições
de 2018 em que era favorito disparado.
Em 30 de outubro o cenário mudou para o bem
do Brasil. Mas as chagas não desapareceram.
Bolsonaro sabe muito bem que caso o Judiciário
tenha o mínimo de dignidade seu destino é o
xadrez, a cadeia.
Ele é acusado de uma penca de crimes dos quais
se safou pelo foro privilegiado. Mas a mamata
acabou para ele e sua quadrilha familiar.
Não há nenhum revanchismo nisso, apenas respeito
a regras elementares da democracia e da justiça.
Bolsonaro sabe disso e faz suas apostas derradeiras.
Imagina um review da Lei de Anistia, que inocentou
a barbárie militar durante a ditadura e até
hoje envergonha o Brasil. Tenta um “indulto”
seletivo.
Cadeia nele!
O genocida que aterrorizou o país durante 4
anos quer sair de fininho. Finge ser civilizado
ao convidar Geraldo Alckmin para uma “conversa
amistosa”. Aparece em live sozinho, vestido
com camiseta à moda Zelensky, condenando da
boca para fora o bloqueio de estradas com três
dias de atraso, quando até as pedras sabem que
o movimento foi articulado pelo seu gabinete
do ódio.
A “base de apoio”
de Bolsonaro não passa de uma multidão de fanáticos,
muitos deles com óbvio déficit cognitivo, armados
até os dentes –triste saber que há tantos no
Brasil, mas são as voltas da história. Os políticos
já debandaram e tentam cavar um espaço no governo
Lula. O empresariado desembarcou. E o povo mostrou
quem prefere nas eleições.
Cabe a Lula se livrar de todo o lixo acumulado
nos últimos 4 anos. Sem dó nem piedade políticas
ou administrativas. Mandar de volta para a caserna
as centenas de militares que passaram a ocupar
cargos de confiança. Reconstruir os organismos
de fiscalização do meio ambiente, dos crimes
contra pobres, mulheres, negros e minorias.
Decantar os políticos que estão sempre a favor
do poder, de qualquer poder.
Não é tarefa fácil. Acordos, em política, são
inevitáveis. Os prazos variam conforme a relação
de forças. Muitas vezes é preciso agir com um
pregador no nariz em nome de um bem maior. Mas
tudo tem limites.