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(FOLHAPRESS)
- O presidente Jair Bolsonaro (PL) completou
24 horas de silêncio após o Ministério da Defesa
divulgar seu relatório de fiscalização do processo
eleitoral em que não identificou fraude no pleito
deste ano
O chefe do Executivo sempre levantou suspeitas,
sem provas, contra as urnas eletrônicas. Ele
chegou a condicionar a aceitação do resultado
eleitoral às conclusões das Forças Armadas sobre
a fiscalização do sistema de votação.
Num discurso logo após o primeiro turno, em
que terminou em segundo lugar, mas elegeu diversos
aliados em postos importantes, Bolsonaro disse
que só iria se pronunciar se acreditava no resultado
do pleito após apresentação de relatório das
Forças Armadas.
Na reta final do segundo turno, em entrevista
a um podcast americano, afirmou que, segundo
os militares, era "impossível dar um selo
de credibilidade" ao sistema eletrônico
de votação.
O relatório citado por Bolsonaro como condição
para aceitar o resultado do pleito foi divulgado
na quarta-feira (9). Nele, as Forças Armadas
dizem que não encontraram nenhum indício de
que o resultado da eleição foi manipulado, mas
não descartaram a possibilidade de fraude.
O fato de a fiscalização dos militares não encontrar
fraude no processo eleitoral ganhou destaque
nos principais meios de comunicação do país.
Na manhã desta quinta-feira (10), o ministério
da Defesa publicou nova nota para enfatizar
que "as Forças Armadas não excluem a possibilidade
de fraude ou inconsistências nas urnas eletrônicas".
Mesmo após o novo texto, que manteve aceso o
discurso golpista contra urnas ecoado por apoiadores
do presidente, Bolsonaro se manteve em silêncio.
O mandatário só deu duas declarações após a
derrota no segundo turno, em 30 de outubro,
e em nenhuma delas reconheceu a vitória do adversário
ou parabenizou Lula. De maneira formal, ele
liberou o início do governo de transição, e
o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, assinou
no Diário Oficial da União a nomeação do vice-presidente
eleito, Geraldo Alckmin (PSB), como coordenador
da transição.
A fiscalização das Forças Armadas nas urnas
ocorre após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
convidar os militares a compor uma comissão
de transparência eleitoral, integrada por diversas
entidades para acompanhar as eleições.
O convite foi feito no ano passado por iniciativa
do então presidente do TSE, ministro Luís Roberto
Barroso. À época, Bolsonaro já promovia diversos
ataques contra as urnas eletrônicas.
As Forças Armadas sempre auxiliaram o TSE na
logística dos pleitos, mas pela primeira vez
passaram a integrar oficialmente uma comissão
dessa natureza.
A ideia de Barroso era trazer os militares para
mais perto do processo eleitoral e, assim, conseguir
o respaldo deles na defesa do sistema eletrônico
de votação.
Ao longo do tempo, porém, o convite passou a
ser considerado um equívoco nos bastidores.
Em conversas reservadas, ministros passaram
a avaliar que a tentativa de obter um antídoto
teve o efeito contrário e tornou-se um tiro
no pé: ao invés de aumentar a confiabilidade
do pleito, forneceu uma ferramenta para as Forças
Armadas inflarem ainda mais o discurso de Bolsonaro
contra o sistema de votação do país.
Fonte:
FOLHAPRESS |