Mãe
denuncia Hospital da Mulher após filho ter pálpebra
cortada durante o parto
Grazielle
Santos contou que teve o procedimento de cesárea
negada e que os traumas ainda estão em seu psicológico.
20/01/2023
(Acorda
Cidade) - Um relato por meio da rede social
Instagram revelou denúncias de uma mãe que descreveu
o tratamento recebido durante o seu parto, no
Hospital Inácia Pinto, o Hospital da Mulher,
em Feira de Santana. Grazille Vitória dos Santos,
21 anos, conta que o parto começou a ser induzido
na tarde do dia 2 de setembro de 2022 sendo
finalizado na manhã do dia seguinte.
Em entrevista ao Acorda Cidade, a mãe do bebê
Apollo Vicente dos Santos, ainda abalada, relatou
os traumas psicológicos que teve e falou sobre
o corte que o seu filho recém-nascido sofreu
durante o parto.
Ela conta também que teve pré-eclâmpsia na gravidez
e expôs em uma postagem na rede social o sofrimento
vivido durante o parto e os comentários preconceituosos
que escutou de funcionários da unidade de saúde.
“Eu comecei a induzir dia 2 de setembro, às
15h, quando colocaram o primeiro comprimido
de ocitocina. E quatro horas depois colocaram
outro comprimido e meia hora depois minha bolsa
rompeu. Às 03h do dia 3 de setembro ainda não
tinha tido ele, eu estava com muita contração,
sentindo dor. Eu até tinha pedido por uma cesárea,
mas eles não me deram. Falaram que seria normal,
que era o meu primeiro filho e que ‘a dor normal
de um parto era assim’, que era para eu aguentar
e esperar. E eu já estava perdendo líquido,
sangue. Eu estava com muita dor mesmo, aí eu
pedi para elas fazerem a cesárea, aí a chefe
da área hospitalar falou ‘imagine se todo mundo
que pedisse cesárea a gente desse’, aí ela falou
que não, e que eu teria que aguardar. Aí eu
falei que eu iria sair do hospital. Ela me falou
que se eu saísse e voltasse eu teria que fazer
toda a triagem de novo e esperar”, relembrou
o momento.
Grazielle estava querendo ir para outra unidade
de saúde, por conta das dores fortes e por terem
negado a cesárea.
“Depois outra chefe, superior delas, fez o toque
em mim e disse que eu não teria condição nenhuma
de ter o meu filho normal, de parto natural.
Aí quando trocou o plantão eu só fui ter o meu
filho às 9h18 de parto cesáreo”, contou a mãe.
Apollo nasceu com 37 semanas e três dias.
Foto:
Arquivo Pessoal
“Eu
estava muito debilitada, quando eu descobri
que o meu filho tinha tido um corte. Eu vi costurando,
fazendo sutura, mas neste momento eu estava
tão debilitada que eu não conseguia nem reagir,
eu não tinha forças para reagir e para falar
nada. O meu filho sofreu um corte na pálpebra
durante o parto, próximo ao olhinho, por muito
pouco ele não ficou cego”, desabafou.
“Mas mesmo assim eu ainda fiquei colocando colírio,
porque ainda tinha sangue na parte do olho,
com coágulos. Tive que comprar também uma pomada
muito cara para passar no ferimento”.
Boletim de Ocorrência
A mãe de Apollo disse ao Acorda Cidade que deu
queixa após quatro dias do ocorrido e que o
processo está encaminhando.
“Eu fiz um desabafo nas redes sociais, mas não
imaginava que teria essa repercussão. Eu não
tenho nem palavras para dizer o que eu sinto
hoje. Às vezes me vem uma parcela de culpa,
às vezes me sinto fraca por não ter aguentado
o parto normal. Mas muitas mães que comentaram
na minha publicação, e que passaram por situações
até piores, me falaram que a culpa não é minha,
que não é para eu me sentir culpada, porque
os irresponsáveis foram eles”, pontuou.
Psicológico abalado
Grazielle Vitória também destacou que gostaria
de uma ajuda para pagar consultas particulares
com um psicólogo, porque não está conseguindo
marcar pelo Sus. Após o acontecimento, a mãe
abordou que tem muitos pesadelos e não consegue
dormir direito.
O que diz o hospital
Ao Acorda Cidade, a diretoria do Complexo Materno
Infantil do Hospital Inácia Pinto dos Santos,
o Hospital da Mulher, informou que tomou conhecimento
do fato na manhã desta terça-feira (17), através
das redes sociais. O diretor geral da unidade,
Francisco Mota, ressalta que “é inverídica a
informação de que a paciente deu queixa no hospital
e pediu cópia de prontuário”.
Ele esclarece que “todos os casos de pedido
de cópia de prontuário passam pela diretoria
médica e pela diretoria geral. Assim como não
chegou nenhuma queixa na Ouvidoria. Portanto,
se não existe uma queixa formal, não temos como
responder diretamente à paciente”.
O diretor geral do Hospital da Mulher acrescenta
ainda que a diretoria está realizando toda a
apuração interna do caso.
O
presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva
| Foto: Ricardo Stuckert
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