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(Correio)
- As imagens são fortes: bodes, cabras, ovelhas,
galinhas e até bezerros feridos, com órgãos
vitais expostos, ou já sem vida. Em dezenas
de cidades baianas, ataques isolados de cães
ou mesmo de matilhas têm dizimado rebanhos,
provocado prejuízos milionários e até forçado
produtores a interromper a criação de seus animais.
Em um dos muitos vídeos que registram os episódios,
um produtor rural de Serrinha faz um apelo desesperado,
mostrando uma vaca, ferida na região da cabeça.
"Vamos recolher nossos bichos e ver o que
vamos fazer, porque olha a situação que está
essa novilha. Toda lascada de dente de cachorro.
Os cachorros não têm dono, são da rua",
diz o homem.
“É assustador", diz o prefeito de Capim
Grosso, Sivaldo Rios, que é presidente da Federação
dos Consórcios Públicos da Bahia (FEC), uma
das entidades que têm participado do monitoramento
desses ataques. Desde fevereiro, eles têm contabilizado
os casos. “A gente tem uma estimativa de quase
R$ 70 milhões só no território do Jacuípe, nos
últimos cinco anos. Hoje, com as redes sociais,
quando acontece, as pessoas começam a mandar
os vídeos. Tem cada situação que eles ficam
sem ação", diz.
De janeiro a 4 de setembro, a Secretaria da
Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura
da Bahia (Seagri) contabilizou 2.018 animais
mortos por ataques de cães no estado - a maioria
deles de caprinos e ovinos. Os maiores contingentes
foram nos municípios de Cansanção, Ipirá e Monte
Santo, com 301, 222 e 147 vítimas fatais, respectivamente.
“Começamos a
ouvir alguns relatos de ataques de cães a rebanhos
e eles começaram a se intensificar. Lá na Seagri,
a gente não tinha recebido qualquer pedido de
ajuda, mas houve uma reunião na Assembleia Legislativa
e, assim, a gente percebeu que o número já estava
maior do que a gente imaginava”, conta a assessora
técnica do gabinete da pasta, Waleska Viana.
Diante desse cenário, a partir deste mês, 36
municípios da região do semiárido (especificamente
os territórios da Bacia do Jacuípe e do Sisal)
passaram a fazer parte do programa de controle
populacional de cães da Bahia. As medidas devem
ser dedicadas à proteção do bem-estar animal
e dos rebanhos.
“A superpopulação de cães é um problema muito
comum. Não é só nosso, mas alguns estados já
estão à frente (nas estratégias de manejo)”,
diz a médica veterinária Lívia Peralva, secretária-geral
do Conselho Regional de Medicina Veterinária
do Estado da Bahia (CRMV-BA) e atuante tanto
nas áreas de clínica de cães e gatos quanto
na saúde pública. |