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Foto: Reprodução/Montagem
iG / Ex-presidente Lula e o atual presidente, Jair Bolsonaro |
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Veja o que muda com eleição de
Lula no 1º turno ou embate com Bolsonaro no
2º |
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29/09/2022 |
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(Folhapress)
- A indefinição sobre o desfecho da eleição
presidencial no primeiro turno, neste domingo
(2), ou no segundo, previsto para o dia 30 de
outubro, mexe com as campanhas de Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
As discussões envolvem as ameaças golpistas
do presidente, a mobilização de apoiadores e
a discussão de alianças partidárias.
Lula alcançou 50% dos votos válidos no mais
recente Datafolha. Com a margem de erro de dois
pontos, ele teria hoje entre 48% e 52%. Para
vencer na primeira etapa, um candidato precisa
obter mais da metade do total de válidos —o
critério oficial para definir o pleito, descontando
nulos e brancos.
Veja a seguir algumas variáveis relacionadas
aos dois cenários para a eleição da Presidência
da República, a partir da visão de aliados,
críticos e analistas:
LULA ELEITO NO 1º TURNO
- Uma eventual vitória de Lula no primeiro turno
seria, na avaliação de aliados do petista, uma
demonstração de força da candidatura, que provaria
ter amplo apoio social, e coroaria a estratégia
levada a cabo pela campanha nas últimas semanas,
baseada na expectativa de encerrar o pleito
na rodada inicial.
- A derrota do presidente já no próximo domingo
enfraqueceria o levante preparado por ele para
gerar dúvidas sobre as urnas, já que a escolha
do presidente da República aconteceria junto
com a eleição de milhares de parlamentares pelo
país e governadores —interessados em preservar
seus votos. Por esse raciocínio, o mandatário
teria mais dificuldade de contestar a votação.
- Bolsonaro usará a eventual derrota no primeiro
turno para reforçar a tese, difundida por ele
há tempos, de que a vitória de Lula ainda na
primeira rodada do pleito é impossível e, portanto,
um indício de manipulação das urnas eletrônicas.
Desde a instituição dos dois turnos, só FHC
se elegeu no primeiro turno, em 1994 e em 1998.
- Onda de violência nas ruas, com agressões
e até assassinatos de apoiadores, poderia ser
freada e perder força momentaneamente, mas é
preciso acompanhar desdobramentos de ações violentas
caso Bolsonaro insufle contestação às urnas
eletrônicas e à contagem dos votos.
- Por outro lado, Lula chegaria ao governo sem
ter detalhado seu plano para a economia e sem
registrar propostas que fala na campanha, o
que leva críticos a afirmarem que sua eleição
seria como dar um "cheque em branco"
ao petista.
- Formação de coalizão partidária por Lula para
governar o país tende a ficar restrita a legendas
que compuseram a coligação. Diálogo com partidos
como MDB e PDT deve ocorrer, mas pode ser mais
truncado, já que não envolverá esforço conjunto
por eleição, com declarações de apoio.
- Presidente eleito logo na primeira fase da
eleição acumularia capital político para iniciar
o governo com capacidade reforçada de negociação
com o Congresso, o que pode facilitar aprovação
de medidas iniciais, e neutralizaria oposições
internas ao menos em um primeiro momento.
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LULA VAI PARA O 2º TURNO
CONTRA BOLSONARO
- Na visão de opositores de Bolsonaro, ele ganharia
tempo para ampliar as ameaças ao sistema eleitoral
e reverberar alegações de fraude, a partir de
episódios que vierem a ser explorados pelo bolsonarismo
no dia do primeiro turno, preparando sua militância
mais radical para contestar eventual derrota.
- Ações violentas estimuladas por Bolsonaro
e apoiadores poderiam ganhar tração nas quatro
semanas entre primeiro e segundo turno, reforçando
o clima de medo no comparecimento às urnas,
que tende a prejudicar Lula e seus simpatizantes,
alvos mais frequentes de ataques.
- Campanha do PT teria que buscar composição
com outros presidenciáveis, que poderão apresentar
demandas, exigir espaço no governo e pedir a
incorporação de suas propostas. Negociação com
siglas como MDB, PSDB e PSD poderia levar a
uma inflexão ainda maior do governo ao centro,
reforçando a ideia de frente ampla defendida
por Lula.
- Petista seria cobrado a explicitar seus planos,
sobretudo na economia, já que até agora apenas
informações vagas foram divulgadas. O ex-presidente
terá também que evitar a desmobilização de militantes.
O ex-presidente teria que fazer eventuais concessões
programáticas para manter e ampliar o apoio
de setores refratários a ele, como mercado financeiro
e agronegócio.
- Bolsonaro sofreria pressão, sobretudo do entorno
político vinculado ao centrão, para amenizar
o tom a fim de reconquistar parcelas moderadas
que votaram nele em 2018 e se distanciaram.
Objetivo será lapidar a candidatura para aumentar
sua competitividade.
- Para opositores de Bolsonaro, ele adotará
estratégia agressiva para atrair apoios partidários
com o uso da máquina, mirando legendas como
União Brasil, MDB, PTB e Novo. Não se descartam
também novas benesses anunciadas na campanha
do segundo turno, criando gastos para o ano
seguinte.
- Lula teria que administrar vantagem possivelmente
alcançada no primeiro turno e evitar um derretimento,
bem como uma eventual recuperação de Bolsonaro.
Desde a redemocratização, vencedores do primeiro
turno presidencial também venceram no segundo.
- Campanha do PT teria que conter frustração
dos militantes com a extensão da disputa para
o segundo turno e evitar desmobilização. Ainda
não está claro qual discurso será adotado, já
que todas as mensagens nos últimos dias foram
em torno da vitória imediata no dia 2.
FOLHAPRESS,
por Carolina Linhares e Joelmir Tavares
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