Bolsonaro já reconhece Lula na
Presidência, mas planeja tirá-lo de lá
Jair
Bolsonaro já reconhece Lula na Presidência e
traça estratégias para voltar ao poder
05/12/2022
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(Metrópoles)
- Em que pesem manifestações nas portas de quartéis,
Jair Bolsonaro reconhece que Lula assumirá a
Presidência em 1º de janeiro. A coluna conversou
com integrantes do núcleo duro do presidente,
que já discutem estratégias para retomar o poder.
Entre o planejamento traçado até o momento,
está a fidelização de senadores eleitos neste
ano e que deverão concorrer aos governos estaduais
em 2026. Eles fariam palanque para Bolsonaro
e receberiam declarações de apoio do presidente
ao longo dos próximos anos.
A avaliação é que ao menos um terço dos senadores
tentará um cargo de governador, sobretudo os
bolsonaristas recém-eleitos para o mandato de
oito anos. Esses políticos estariam em posição
confortável para disputar o comando dos estados
uma vez que, se perderem, retomariam suas cadeiras
no Congresso.
Outra frente consiste em usar as eleições municipais
para reforçar o bolsonarismo em capitais estratégias,
como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
Essa tática foi usada pelo PT em 2020 quando,
mesmo com chances remotas, o partido optou por
lançar candidaturas próprias nessas cidades.
O PT não venceu em nenhum dos municípios, mas
reforçou a mensagem em defesa de Lula.
Um terceiro ponto, ainda alinhado pelo núcleo
de Bolsonaro, é fazer com que o presidente se
mantenha em evidência ao longo dos próximos
quatro anos, haja vista que outros nomes da
direita poderão ganhar força, como Tarcísio
de Freitas e Romeu Zema. Como o Congresso terá
composição majoritariamente conservadora, a
avaliação é que o governo Lula não terá vida
fácil e dará muitas oportunidades para os holofotes
da oposição.
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Medo
de decepcionar eleitores
Paralelamente às conversas sobre a retomada
de poder, o núcleo de Bolsonaro, agora, discute
uma forma de comunicar aos apoiadores que clamam
por golpe militar que não haverá ruptura institucional.
Como desmobilizar bolsonaristas acampados há
semanas sem decepcioná-los?
O temor é desagradar justamente à fatia mais
fiel do eleitorado, que acredita que o presidente
ainda tem uma carta na manga para evitar a posse
de Lula. Esses apoiadores são vistos como o
pilar da candidatura de Bolsonaro em 2026.
Bolsonaro até tentou questionar as urnas eletrônicas
por meio da ação ingressada por Valdemar da
Costa Neto, do PL, no Tribunal Superior Eleitoral,
como forma de prestar contas ao eleitorado mais
radical.
Um integrante do núcleo duro de Bolsonaro afirma
que, apesar de “restar uma pulga atrás da orelha”
após Alexandre de Moraes rejeitar a ação do
PL, o foco precisa estar em 2026. Segundo esse
aliado, todas as medidas legais cabíveis foram
tomadas e não há mais nada que possa ser feito.
Até o momento, a maior contribuição para desmobilizar
bolsonaristas em portas de quartéis parece ter
vindo de Eduardo Bolsonaro, flagrado sorridente
no Catar, sede da Copa do Mundo, em um jogo
do Brasil.