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A
pesquisa Datafolha foi realizada na terça (22)
e na quarta-feira (23) com 2.556 eleitores em
181 cidades de todo o país. A margem de erro é
de dois pontos percentuais, para mais ou menos. |
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28/03/2022 |
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FOLHAPRESS)
- Apesar de o governo ter reforçado o discurso
de que a inflação é consequência de crises globais
e ações de terceiros, como governadores que impuseram
o distanciamento social contra a Covid-19, é grande
a parcela de brasileiros que atribuem à gestão
de Jair Bolsonaro responsabilidade pela alta de
preços.
O descontentamento foi identificado pelo Datafolha.
Tanto numa pesquisa realizada em setembro do ano
passado quanto no levantamento mais recente, em
março, 75% apontam que o governo Bolsonaro tem
responsabilidade pela inflação.
A pesquisa Datafolha foi realizada na terça (22)
e na quarta-feira (23) com 2.556 eleitores em
181 cidades de todo o país. A margem de erro é
de dois pontos percentuais, para mais ou menos.
A comparação das duas pesquisas mostra que caiu
o número de brasileiros que atribuem muita responsabilidade
ao governo. Essa parcela foi de 41% para 36%.
Em contrapartida, aumentou, de 34% para 39%, a
fatia que atribui um pouco de responsabilidade.
Houve uma ligeira queda, de 23% para 21%, no contingente
que não via nenhuma responsabilidade.
Entre eleitores que declaram avaliar votar em
candidatos da chamada terceira via estão os mais
críticos ao governo Bolsonaro. Segundo o levantamento,
87% dos que declaram intenção de votar em Ciro
Gomes (PDT) consideram que o governo tem responsabilidade
pela alta da inflação, sendo que 50% dizem que
a gestão bolsonarista tem muita responsabilidade.
Entre os que declaram intenção de votar em Sergio
Moro (Podemos), 82% têm a avaliação de que o governo
tem responsabilidade, sendo que 42% consideram
ele tem muita responsabilidade. No caso de eleitores
de André Janones (Avante), 80% dizem que o governo
tem responsabilidade, e a metade avalia como um
pouco.
Mesmo quem está na base de apoio de Bolsonaro
acredita que o governo tem responsabilidade pela
inflação, nem que seja um pouco. Essa percepção
é compartilhada até por eleitores declarados.
O levantamento mostra que 75% deles acreditam
que o governo tem responsabilidade pelo descontrole
dos preços.
Essa avaliação também é feita por 72% dos evangélicos,
75% dos moradores do Centro-Oeste, região que
concentra o agronegócio, e 79% dos moradores da
região Sul, que votaram em peso para eleger Bolsonaro.
A inflação começou a subir durante a pandemia,
mas disparou mesmo no ano passado. Em 2019, por
exemplo, o IPCA, que mede a inflação oficial,
fechou ano com alta de 4,31%. Em 2020, passou
para 4,52%. Mas fechou 2021 acumulando alta de
10,06%.
Uma confluência de fatores críticos eleva os preços.
Secas no Sul, chuvas torrenciais no Sudeste, ruptura
da cadeia global de fornecimento de peças industriais,
aumento do frete marítimo e disputa por contêineres.
Recentemente, o cenário piorou com a invasão da
Ucrânia pela Rússia e uma escalada de sanções
de países ocidentais contra o governo de Vladimir
Putin.
Dois itens essenciais estão entre os mais afetados
por esse múltiplo desarranjo e encarem mês após
mês. De um lado, os alimentos, como o trigo do
pãozinho, hortaliças, frutas. De outro, a energia,
incluindo gasolina, diesel e gás de cozinha. Como
ambos são básicos na economia, eles não apenas
puxam o custo de vida para cima como também ajudam
a disseminar a inflação por outros setores.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, não perde
a oportunidade para falar em público que a alta
de preços é um fenômeno global e que o Brasil
uma vítima de circunstâncias que estão acima do
poder de intervenção do Estado. No entanto, outros
segmentos do governo, incluindo o próprio Bolsonaro,
tentam demonstrar diligência para aliviar os baques
inflacionários.
Segundo economistas, as intervenções açodadas
podem ter o efeito inverso, tornar os mercados
disfuncionais e elevar os preços, mas o governo
tem insistido, corroborando a visão popular de
que ele tem responsabilidade em calibrar a inflação.
Em 2020, no repique do preço do arroz, chegou
a dizer que os ministérios da Economia e da Agricultura
tomariam providências para baixar o preço e ainda
pediu aos supermercados para que reduzissem as
margens de lucro com grão.
Neste início de ano, a pressão altista segue firme.
Na sexta-feira (25), foi divulgado o IPCA-15 de
março, prévia da inflação mensal. O indicador
teve alta de 0,95%, maior taxa para o período
desde 2015 (1,24%) e acima das projeções.
Com esse dado, o IPCA-15 acumulou inflação de
10,79% em 12 meses até março. A inflação acumulada
em 12 meses está acima de 10% desde setembro de
2021.
Desde março de 2021, o Banco Central vem elevando
a Selic, taxa básica de juros, para tentar arrefecer
a escalada dos preços. Na reunião mais recente,
em fevereiro, ela foi de 9,25% para 10,75%, voltando
ao terreno dos dois dígitos, o que não ocorria
havia cinco anos.
Fonte:
Notícias ao Minuto, por FOLHAPRESS
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