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“Perigo
da Covid longa pode ser muito maior do que pensamos” |
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19/07/2021
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Em
certos pacientes, sequelas da Covid-19 só aparecem
meses depois da infecção original. Ao mesmo tempo,
estudo alemão indica que percentagem dos assintomáticos
seja bem mais alta do que se pensa. DW entrevista
Entre as grandes incógnitas que cercam a pandemia
de Covid-19, estão os casos assintomáticos. O
que impede que certos indivíduos desenvolvam patologias
após se contagiarem com o novo coronavírus? Seus
casos contêm conclusões que possam ser úteis aos
demais pacientes?
Contudo ser assintomático talvez não seja sempre
uma bênção. O estudo Gutenberg Covid-19 da Universidade
de Medicina de Mainz, Alemanha, se ocupa não só
dos efeitos diretos da pandemia, mas seu impacto
maior sobre a saúde pública.
Uma de suas constatações é que o número de casos
não identificados seria bem maior de que se pensava.
E estes também podem estar sujeitos a complicações
tardias e duradouras da infecção original, em
parte graves – a assim chamada “covid longa”.
A DW entrevistou o chefe do projeto Gutenberg
Covid-19, o professor de epidemiologia clínica
da Universidade de Mainz Philipp Wild, sobre essa
nova vertente de investigação sobre a pandemia:
“Voltamos a ter grandes eventos públicos, portanto
precisamos de sistemas de alerta precoce. Estamos
nos perguntando se há uma assinatura molecular,
algo que se possa medir no sangue, indicando que
o paciente está a caminho de desenvolver a síndrome
de covid longa”
DW: Como o senhor
e sua equipe determinaram que mais de 40% da população
da Alemanha não se dá conta de que tem covid-19?
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Philipp
Wild: Selecionamos
uma amostra de voluntários proporcional à população
alemã e lhes perguntamos se haviam tido uma infecção
com o novo coronavírus com distância de dois,
quatro meses. Fizemos com eles um teste de PCR,
e medimos seus anticorpos, os quais indicam se
houve uma infecção, independente de a pessoa ter
sido vacinada.
E
vocês acompanharam mais de 10 mil voluntários
por um período de seis meses.
Exato. A maioria dos casos não conhecidos era
entre os os mais idosos: 63%, ou quase dois terços,
dos participantes maiores de 75 anos. Entre os
de 25 a 30 anos, só um terço tivera infecções
não detectadas.
Então está na hora de difundir os autotestes,
não só para cada um ver se está infectado, mas
também para saber se teve covid-19 no passado?
Sem dúvida, é uma boa ideia passar a testar melhor
a população, sobretudo agora, que estamos relaxando
as medidas preventivas. Voltamos a ter grandes
eventos públicos, como a recente Eurocopa do futebol,
portanto precisamos de sistemas de alerta precoce.
E os vacinados também devem ser testados, porque
podem contagiar quem ainda não foi inoculado.
Mas também constatamos que ainda precisamos determinar
quais anticorpos precisamos medir nos indivíduos.
A maioria só apresenta certos tipos, então temos
que aprender quais deles procurarmos, pois só
aí será possível fazer uma triagem de longo prazo
da covid-19.
Quantos desses casos não detectados podem ser
“covid longa”?
É uma questão debatida. Ainda a estamos investigando
no nosso estudo, e vai ser preciso um pouco mais
de tempo, pois a definição de “covid longa” é
seis meses após a infecção original. Mas o que
sabemos é que, dos casos conhecidos, 10% desenvolvem
covid-19 de longo prazo, e que em 10% destes –
ou 1% do total – se trata de uma forma severa.
Agora precisamos entender quantos dos casos assintomáticos
são capazes de desenvolver a forma longa.
Há razão para se temer que, em jovens que tiveram
covid-19 sem saber, os órgãos foram danificados,
mas isso só vá ser constatado anos depois?
De fato, é o que tememos. Estamos nos perguntando
se há uma assinatura molecular, algo que se possa
medir no sangue, indicando que o paciente está
a caminho de desenvolver a síndrome de covid longa.
Mas ainda é uma questão de pesquisa, tudo o que
estamos fazendo agora ainda é especulativo. Precisamos
compilar mais dados para estarmos seguros de como
abordar esses casos e identificá-los.
Mas, sim, o nosso temor é que, mesmo após infecções
assintomáticas ou brandas, alguns pacientes estejam
arriscados de desenvolver covid de longo prazo.
Fonte:
DW.COM
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