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chefe do Executivo participou de motociata em
Presidente Prudente (SP) e afirmou em palanque
que não aceitará uma "farsa" |
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02/08/2021
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RASÍLIA,
DF, RIO DE JANEIRO, RJ, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
- O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) novamente
colocou em dúvida a realização de eleições em
2022 ao se dirigir a apoiadores por meio de videochamadas
em diferentes atos a favor do voto impresso, realizados
neste domingo (1º) em São Paulo, Rio de Janeiro,
Brasília, Belo Horizonte e outras cidades.
"Vocês estão aí, além de clamar pela garantia
da nossa liberdade, buscando uma maneira que tenhamos
uma eleições limpas e democráticas no ano que
vem. Sem eleições limpas e democráticas, não haverá
eleição", disse Bolsonaro pela manhã aos
manifestantes concentrados em frente ao prédio
do Congresso, em Brasília.
"Nós mais que exigimos, podem ter certeza,
juntos porque vocês são de fato meu Exército -o
nosso Exército- que a vontade popular seja expressada
na contagem pública dos votos", afirmou na
mesma videochamada.
Em outro trecho, o presidente declarou que ele
e seus seguidores não vão "esperar acontecer
para tomar providências". "Juntos nós
faremos o que tiver que ser necessário para que,
repito, haja contagem pública dos votos e tenhamos
eleições democráticas no ano que vem."
Bolsonaro ignorou apelos de líderes e dirigentes
de partidos do centrão, que pediram moderação
após a live da última quinta-feira (29) na qual
o presidente fez o maior ataque até então ao sistema
eleitoral e às urnas eletrônicas.
Neste sábado (31), o chefe do Executivo participou
de motociata em Presidente Prudente (SP) e afirmou
em palanque que não aceitará uma "farsa".
"Queremos eleições, votar, mas não aceitaremos
uma farsa como querem nos impor. O soldado que
vai à guerra e tem medo de morrer é um covarde.
Jamais temerei alguns homens aqui no Brasil que
querem impor sua vontade."
Aliados de Bolsonaro avaliam a renovação do discurso
golpista como uma tentativa de manter sua base
radical mobilizada diante de uma série de desgastes
do governo e da aliança com o centrão, consolidada
com a indicação de Ciro Nogueira para chefiar
a Casa Civil na semana passada.
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As
frequentes declarações golpistas do mandatário
também tém elevado a crise entre o Palácio do
Planalto e os demais Poderes, principalmente o
Judiciário.
Bolsonaro tem como um de seus alvos preferenciais
o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal),
Luís Roberto Barroso, que defende a confiabilidade
das urnas eletrônicas e rechaça as acusações de
que houve fraude em pleitos passados. Bolsonaro
disse neste domingo que quem afirma que o sistema
eleitoral brasileiro é auditável e seguro é "mentiroso".
"O poder é que está em jogo. Não estou aqui
em hipótese alguma querendo impor a minha vontade,
é a vontade de vocês. Se preciso for dar um último
alerta àquele que não tem respeito para conosco
eu convidarei o povo de São Paulo, a maior capital
do Brasil, para ir à [avenida] Paulista para que
o som deles, a voz do povo, seja ouvido por aqueles
que teimam em golpear a nossa democracia. Se o
povo lá disser que voto tem que ser auditável
e que a contagem tem que ser pública e que o voto
tem que ser impresso", afirmou Bolsonaro
no vídeo aos manifestantes em Brasília.
O presidente ainda renovou a retórica anticomunista
que caracterizou sua campanha de 2018. "Nossa
união nos libertará da sombra do comunismo e do
socialismo."
Em São Paulo, centenas de apoiadores do presidente
se reuniram no quarteirão em frente ao prédio
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), na avenida Paulista.O ato na capital
paulista teve início por volta das 14h ao som
do hino nacional e na sequência discursou a deputada
federal Carla Zambelli (PSL-SP), que vem convocando
aliados para o ato há pelo menos duas semanas.
Ao longo da fala da deputada, os presentes entoaram
gritos de "mito", "Lula ladrão"
e "fora, Doria".
Também esteve presente o ex-ministro do Meio Ambiente
Ricardo Salles.
Entre os apoiadores, muitos, sem máscara, traziam
cartazes ecoando o discurso do presidente e pedindo
por voto auditável, contagem pública dos votos
e auditoria do povo. A maioria usava camisas da
seleção brasileira com bandeiras de apoio a Bolsonaro
como "meu partido é o Brasil".
Zambelli apontou o voto impresso como o primeiro
passo para evitar a implantação do comunismo.
Sem máscara, também discursou o deputado federal
Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que chamou os atos
de democráticos e citou a Constituição ao afirmar
que o poder emana do povo. O filho do presidente
disse que o povo não deve confiar no TSE e que
o direito à contagem pública dos votos foi retirado
do povo em 1996, ano da implementação das urnas
eletrônicas.
Na transmissão da última quinta-feira, Bolsonaro
não apresentou as provas de supostas fraudes eleitorais
que vinha prometendo há anos, apresentando apenas
teorias sobre a vulnerabilidade das urnas eletrônicas
que circulam há anos na internet e já desmentidas
anteriormente. Ele reconheceu não ter provas de
irregularidades nas eleições, mas disse ter "indícios
fortíssimos".
Não é a primeira vez que o mandatário ameaça as
eleições de 2022. "Eleições no ano que vem
serão limpas. Ou fazemos eleições limpas no Brasil
ou não temos eleições", afirmou Bolsonaro,
em 8 de julho.
Em Brasília, o ato começou às 9h e terminou por
volta de 12h. Os apoiadores do presidente se concentraram
em frente ao Congresso Nacional com faixas que
pediam o "voto impresso auditável" e
criticavam o STF e TSE.O ex-chanceler Ernesto
Araújo também subiu ao palco em Brasília e se
manifestou a favor do voto impresso.
Além de defenderem a PEC do voto impresso em discussão
na Câmara, os manifestantes pediram liberdade
ao deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ),
preso novamente em junho por desrespeitar o uso
de tornozeleira eletrônica. Ele inicialmente foi
detido após atacar ministros do STF em um vídeo.
No Rio de Janeiro, manifestantes se reuniram pela
manhã na praia de Copacabana, na zona sul, e também
em Niterói, na região metropolitana.
Em Copacabana, apoiadores do presidente atacaram
o sistema eleitoral e o STF. Manifestantes inflaram
um "pixuleco" do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) vestido de presidiário
e colaram nele uma imagem de Barroso, com os dizeres:
"Eu roubo a grana, meu moleque [Barroso]
os votos".
Um senhor que caminhava pelo ato levantava dois
cartazes, afirmando que não acreditava que Fernando
Haddad havia somado 42 milhões de votos nas eleições
de 2018. "Não confio no TSE/STF, simples
assim", dizia uma das placas. Outra mulher
defensora da "contagem pública" dos
votos carregava uma folha com o recado: "Estranho
não querer transparência!".
Com bandeiras do Brasil e algumas de Israel, a
manifestação esteve mais cheia do que as últimas
realizadas por movimentos conservadores na cidade.
Para além do voto impresso, apoiadores de Bolsonaro
também defenderam intervenção militar, liberdade
para o deputado federal Daniel Silveira (preso
por ataques ao Supremo) e até mesmo a monarquia.
No Rio, Bolsonaro também falou por videochamada
com os manifestantes, por meio do celular do deputado
federal Helio Lopes (PSL-RJ), e voltou a citar
Barroso. "Não podemos admitir uma pessoa
apenas, no caso o ministro Luís Barroso, [que]
seja válida apenas a vontade dele. [...] Tem que
estar subordinado à vontade popular."
O presidente conversou, ainda, com apoiadores
que reuniram-se na praça da Liberdade, em Belo
Horizonte, na manhã deste domingo. A videochamada
ocorreu por meio do celular do deputado federal
Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), ex-ministro do
Turismo. Ele foi denunciado pelo Ministério Público
sob acusação de envolvimento em um esquema de
candidaturas laranjas do PSL, caso revelado pelo
jornal Folha de S.Paulo em 2019.
O advogado Rodrigo Mondego, da comissão de Direitos
Humanos da OAB-RJ, afirmou nas redes sociais que
um homem foi agredido por bolsonaristas e atropelado
em Ipanema, na zona sul do Rio, por volta das
10h30 deste domingo. A vítima, segundo ele, se
chama Eduardo Debaco, um economista de 49 anos.
Mondego disse à reportagem que um amigo ligou
para ele buscando um advogado criminalista para
assessorar um colega que havia sido atacado.
"Ele mora em Ipanema e foi correr na praia.
Quando passou na frente de um grupo de pessoas,
todas sem máscara e camisa da CBF, comentou que
bolsonarista não usa máscara. Um cara ouviu e
foi pra cima dele, dando socos, golpes. Ele desequilibrou
e, quando estava levantando, o cara o empurrou
em direção à rua e um carro passou por cima da
perna dele. Quebrou em quatro partes", afirmou.
Segundo Mondego, o economista teve uma fratura
exposta, está internado e pode ter que passar
por cirurgia. O advogado diz que irá esperar a
Polícia Civil abrir de ofício uma investigação
e que, se isso não ocorrer, o registro da ocorrência
será feito após seu cliente ter alta.
Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar
informou que esteve no hospital onde a vítima
está internada. "Chegando ao local, os policiais
localizaram a vítima, um homem de 49 anos, que,
de acordo com as primeiras informações, teria
entrado em luta corporal com outro homem, e que,
após ser jogado na pista, foi atropelado, e sofreu
fratura exposta", diz.
A PM relata ainda que não foi acionada para a
ocorrência e que os policiais acompanharam os
parentes da vítima para o registro da ocorrência
na delegacia.
Fonte:
Notícias ao Minuto
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