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O QUE ROLA NOS BASTIDORES DA POLÍTICA LOCAL (II)
 
A Posse do prefeito, a Sabedoria das ruas, a briga dos 'Macacos' e dos 'Jacus', a Xenofobia e o Flerte Fatal
 
 
Por Orlando Santiago Mascarenhas
ipiranegocios.com.br
09/01/2021
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Leia os assuntos abaixo relacionados

- 'Roda de Conversa', os bastidores da política

- Prefeito pede ao povo para ser funcionário voluntário do município

- Prefeito faz doação de 92% do valor do seu salário

- Na posse, muitos doutores, e cenas de cinema

- Ui, ui, ui. Xopado, ‘Jacu’ xenófobo

- Flerte Fatal, ‘Jacu’ x ‘Macaco
 
'Roda de Conversa', os bastidores da política

Gosto de participar de rodas de conversas nas ruas centrais. Geralmente são interessantes para ouvir a opinião do povo, a sabedoria popular.

A opinião dos verdadeiros observadores, do que acontece nos bastidores, onde geralmente rola conversas soltas, na maioria das vezes francas e sinceras. Enfim, o que realmente se passa pela cabeça das pessoas transparece nestas conversas de esquinas, de bancos da praça.

Ao meu ver imperdíveis, com mais conteúdo do que as conversas de muitos doutores que eu conheço. Eu perderia horas e horas ouvindo estas conversas autenticas, sinceras, aonde o povo realmente fala o que pensa. Principalmente quando sabendo que alguém relacionado as notícias locais se faz presente, indiretamente eles soltam algumas frases, no desejo claramente de despertar, de cutucar no comunicador a ‘fagulha’ da notícia.

Despertando no jornalista a ‘faísca’ do que precisa efetivamente ser divulgado, para assim chegar ao ouvido da comunidade e também dos atores políticos.

Enfim, nestas 'conversas de compadres' geralmente o cidadão manda um recado aos políticos locais, dão uma cutucada na situação comentada.

Às vezes, as conversas acontecem de maneira mais interessante, 'apimentadas', quando nelas estão os tradicionais partidários ‘Jacus’ e ‘Macacos’ (Grupos políticos tradicionais e históricos da cidade). Onde muitas vezes não rola briga, mas rola as chamadas indiretas.

Prefeito pede ao povo para ser funcionário voluntário do município

Um dia após a posse dos candidatos eleitos (01/01), ao participar de uma destas conversas de rua, ouvi as opiniões de dois cidadãos, que eu não poderia deixar passar sem fazer o seu registro, que na verdade, a situação mostra um pouco da nossa cultura, nossa tradição.

Um deles, declaradamente 'Macaco', disse:

”O Prefeito, em seu discurso de posse, falando sobre as dificuldades financeiras que o município vai encontrar, disse:” “Eu e a vice-prefeita precisamos de vocês. Vocês são muito importantes, espero que vocês, cidadãos sejam funcionários voluntários, o dinheiro público é nosso”, comentou o cidadão, eufórico, complementando: “Quanta sensibilidade do nosso prefeito, até me arrepiei ao ouvir isso, está profundeza de sensibilidade, de solidariedade, de humanidade. O prefeito clamando por voluntários, aqueles que queiram trabalhar para a administração municipal sem receber salários, de graça, no 0800, só pelo amor ao que é nosso. Isso é que é grandeza”, disse o homem, sorridente.

Prefeito faz doação de 92% do valor do seu salário

O outro cidadão, assumidamente 'Jacu', aparentemente frio, sem mostrar contestação, disse:

“O prefeito foi sincero, principalmente na parte que diz ‘o dinheiro público é nosso’. Falando em dificuldades financeira, e solidariedade, o prefeito de Jacobina (BA), Tiago Dias (PC do B), decidiu reduzir o valor do seu salário em 92%, ficando com o valor de um salário mínimo, e repassando o restante para instituições de cunho social. Um bom exemplo, muita sensibilidade, humanidade do prefeito. Este também merece parabéns, não é compadre?”, finalizou o cidadão, com cara de ingênuo, como se diz, 'Só jogando conversa fora'.

Como se vê, um exemplo de conversa onde não se perde a amizade. Democrática, civilizada, onde não se perde a compostura. Enfim, aquela conversa onde não se pretende atacar ninguém, uma indiretazinha aqui, acolá, mas principalmente deixando o tempo passar.

Na posse, muitos doutores, cenas de cinema


Mas infelizmente, a conversa, a história que deveria terminar por aí, não terminou. Existe um proverbio popular que diz: 'Quanto mais você mexe na merda, mais ela fede'. Grande verdade.

O cidadão 'Macaco', visivelmente descontente com o desenrolar da conversa, não perdeu o 'fio da meada'. Ainda, tentando criar empolgação ou ciúme, disse:

“Você viu? Na nossa posse só tinha doutores, era um chamar doutor para lá, era doutor para cá, eram mais doutores do que os encontrados nesta tal universidade norte americana Harvard, a coisa mais bonita de se ver. Além disso, outro momento empolgante, de grande emoção, digna de uma entrega de Oscar, de cinema americano, foi aquele em que, dando uma 'banana‘ para a tal Covid, os doutores e os ‘traíras’ de última hora foram convidados a sentarem, ocuparem as cadeiras de honra, na frente. Para completar o Show, ainda mostramos que, além de nào ter medo da covid, não discriminamos ninguém. Para ocupar cargos na administração municipal pode vir gente de fora, de outras cidades, que não vamos importar, pois, a nossa gestão é como coração de mãe, cabe todo mundo. Como foi dito lá na posse, 'Não devemos ser xenófobos' (Frase dita no sentido de que na falta de profissionais qualificados na cidade, não se deve ter preconceito em trazer pessoas de outras cidades para ocuparem cargos na administração municipal).

Bom, aí a coisa pegou. Principalmente depois desta palavra ‘xenófobo’, que na verdade as vezes soa como palavrão, uma coisa para intelectual.

Depois de ouvir tudo isso, o ‘Jacu', não mais aparentava calma, e com os olhos vermelhos e injetados de sangue, falou direto, em alto e bom som o que ele achava desta tal falta de xenofobia. Para ele, uma palavra sem graça, feia. O 'jacu', parecendo tomado de uma possessão, esqueceu a educação, os bons modos, a camaradagem, e queria descer a porrada no ‘Macaco'.

Ui, ui, ui. Xopado, ‘Jacu’ xenófobo

Eu, que detesto a agressão física ou mesmo verbal, parti para conter a discussão, que começava a atrair pessoas próximas.

Eu, disse ao ‘Macaco’ que ele estava exagerando, querendo impressionar o 'Jacu', e se ele continuasse dessa maneira a coisa ia ficar ‘preta’ para o lado dele.

Sem ser ouvido, tentei fazer o papel de juiz, intermediando a situação, a discussão feia, mas, mesmo sem tomar partido, acabou sobrando para mim, pois um tapaço destinado ao 'Macaco' não me atingiu por milímetros, passando de raspão. Ainda frisando que o ‘Macaco' cismou que eu estava pendendo para o ‘Jacu'.

Depois, já com a situação sobre controle, o 'Macaco' afastou-se do local da contenda, mas dizendo para mim: 'O seu está guardado'. E ainda para o 'jacu', o 'Macaco', disse: 'Ui, ui, ui. Aprende a perder, xopado. Jacu xenófobo'.

Mas, apesar de tudo, da contenda na discussão, vivemos em uma cidade de povo ordeiro, irmanado. Convenhamos, o 'Macaco' exagerou em apontar tantos pontos emocionantes na posse 'Macaco', assim, na cara do assumido 'jacu', e para completar ainda aparecer com este palavrão, esta tal xenofobia, coisa de grego.

Como comentou depois, o cidadão 'jacu': “Ninguém é de ferro, tudo tem um limite. Relatar uma posse falando assim deste jeito, 'rasgando seda', é pra lascar de vez. Uma situação desta, é como dizia um falecido amigo": "É querer colocar de vez, ainda sem vaselina", assim não dá para aguentar, tem que gritar e fazer escândalo, concluiu o cidadão, já mais calmo.

Apesar dos pesares, com estas brigas já estamos acostumados. Não passam de ‘fogo de palha'. No decorrer do tempo, até as próximas eleições, muitos ‘Jacus’ se tornarão ‘Macacos' e muitos 'Macacos' se tornarão 'Jacus'. Uma realidade já vista, gestão após gestão.

Flerte Fatal, ‘Jacu’ x ‘Macaco

Inclusive, ficando claro em um episódio recente, onde o ‘flerte' ‘Jacu’ x ‘Macaco’, estava acontecendo, na frente de todos, ainda antes da posse do prefeito. Uma situação considerada por alguns como um Flerte Fatal, para o momento.

Ainda, mostrando como somos solidários e irmanados, para conter a situação, foi solicitado, com urgência, a ajuda de um conhecido vereador, acostumado a tomar cafezinhos nos bastidores da política local. Um homem que já mostrou que tem trânsito livre, trafegando 'em uma boa' entre os grupos da situação e oposição. Um político que já mostrou a sua experiencia, já comprovada. Um edil possuidor de astúcia política e financeira, para apartar este ‘enlace’, considerado por alguns como uma inconveniência, uma coisa prematura, fora de época.

Graças a ação do vereador, especialista, 'doutor' em finanças, o namoro ficou desfeito, no momento abortado. Na verdade, nocauteado, mas não querendo dizer com isso que findado. Morto, jamais, pois, sempre existiu e existirá o flerte ‘Jacu” x ‘Macaco’.

Isto é fato, é tradição, é história. O Flerte fatal, o 'Pula a Cerca' político, já aconteceu centenas de vezes as claras, de dia tamanho, só sendo escondido, enquanto foi conveniente para os envolvidos na situação, e ainda querendo em algumas ocasiões, deixar o povo achando que está existindo traição. Traição por estas bandas é uma palavra efêmera, transitória, bem contextualizada no dicionário político local. Falando em sabedoria, em traição, em determinados casos políticos locais vale lembrar a máxima de William Shakespeare: “O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém”.

Mas, deixando os namoros e voltando as contendas, por via das dúvidas, continuando a frequentar estas rodas de conversas, já estou pensando em deixar a xenofobia de lado e comprar um Spray de Pimenta (dos bons, de origem chinesa, via Paraguai), pois, como diz a sabedoria popular, “Homem prevenido vale por dois”.

Viva a posse dos candidatos eleitos, a sabedoria das ruas, dos ‘Macacos’ e dos 'Jacus’, e os Flertes Fatais na política local.

Para pensar

“Quando você dança com o diabo, você não muda o diabo, o diabo muda você” (Andrew Kevin Walker)
 
Sobre o Autor
Orlando Santiago Mascarenhas - Graduado em Direito, Bacharel em Jornalismo / Comunicação Social pela Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana (UNEF) / Criador e Fundador do site Ipirá Negócios em 20/04/2006. Fone: (75) 99119-9017 | e-mail: osm2112@gmail.com | facebook
OBS: Sempre que for necessária a reprodução total ou parcial de texto/fotos, solicitamos que o Autor e Site sejam divulgados como fonte.
 
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